Produtores e outros operadores do agro-negócio, ao nível da província de Nampula, pedem mais apoio ao sector como forma de alavancar o desenvolvimento e aumentar a contribuição na economia nacional.
O pedido foi apresentado esta semana durante um encontro organizado pela MozGrow, que juntou mais de 200 intervenientes directos do sector produtivo, nomeadamente, agricultores, empresários, instituições bancárias e de microcrédito, membros do Governo e das organizações da sociedade civil.
O apoio solicitado destina-se ao desenvolvimento de infra-estruturas, o acesso ao financiamento, seguros agrários, o mercado para a comercialização dos produtos agrícolas, armazenamento, entre outros.
O evento, que acontece pela primeira vez na região norte do país, é da iniciativa da Fundação SOICO (FUNDASO) em colaboração com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) e parceiros.
A administradora da Fundação Soico, organização que gere o projecto MozGrow, disse que os desafios do sector devem ser enfrentados por todos os intervenientes da cadeia produtiva.
“Existe um vasto potencial agro-ecológico, mas prevalecem os desafios da operacionalização agrícola em Moçambique, especificamente nas acções orientadas para o aumento da produção e produtividade. Precisamos, portanto, de ter uma visão de conjunto holística, porque temos longo caminho por percorrer em todas a cadeia de valores do agro-negócio”, disse.
Produtores preocupados
Teresa Namithu, produtora do distrito de Malema, intervindo no debate disse que a mecanização agrícola continua esquecida, o que cria maior entrave no sector. Mais adiante, referiu que neste ano perdeu 17 hectares de milho devido à praga da Lagarta e questionou sobre o que é que está sendo feito para o combater este problema.
Judite Celeste, do sector do agro-processamento, na província de Nampula, destacou a falta de honestidade dos comerciantes de cereais, que em algum momento têm fixado preços baixos para a compra dos seus produtos.
O director provincial da Agricultura e Segurança Alimentar em Nampula, Pedro Zucule, desafiou o sector privado a tomar as preocupações apresentadas como oportunidade de negócio.
Bancos comprometidos com a causa
O sector bancário disponibilizou-se para apoiar, sobretudo, os produtores das zonas rurais, porque “agricultura faz-se no campo e o financiamento da agricultura faz-se, também, no campo”, tal como disse Paulo Sousa, vice-presidente da Associação Moçambicana dos Bancos.
A CTA exortou o empresariado local a encarar a tarefa de desenvolver a agricultura e transformação e conservação dos produtos para a comercialização no mercado nacional e internacional como um verdadeiro imperativo.
“A CTA abraçou esta iniciativa, porque enquadra-se no seu plano estratégico que preconiza a dinamização do agro-negócio para a sua cadeia de valor, para impulsionar o desenvolvimento do país e reduzir a perda de divisas na importação de produtos e serviços que podem muito bem derivar dos produtos nacionais”, disse Kabir Ibrahimo, representante da CTA.