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Morreu Pelé aos 82 anos de idade

A notícia foi confirmada à AP pelo agente do ex-futebolista. Pelé estava internado em São Paulo desde 30 de Novembro. Considerado o maior jogador do século XX, marcou cerca de 1279 golos, um recorde.

Pelé morreu hoje, aos 82 anos, avançou o agente do ex-jogador de futebol, Joe Fraga, à Associated Press. Kelly Nascimento, a filha do antigo futebolista que vinha partilhando actualizações sobre o estado de saúde do craque no Instagram, publicou uma fotografia das mãos da família sobre as de Pelé, com a legenda: “Tudo que nós somos é graças a você. Te amamos infinitamente. Descanse em paz”.

A morte do craque foi também confirmada pela sua conta oficial no Twitter, numa publicação em que se refere que “a inspiração e o amor marcaram a jornada do Rei Pelé”, que faleceu no dia de ontem. “Amor, amor e amor, para sempre”.

Pelé estava internado desde 30 de Novembro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde deu entrada com um quadro de inchaço por todo o corpo e “insuficiência cardíaca descompensada”. O tratamento de quimioterapia que estava a receber para o cancro no cólon, que foi diagnosticado em 2021, não estava a fazer efeito.

Em comunicado, o hospital confirmou na altura que estava a fazer “uma reavaliação do tratamento de quimioterapia ao tumor do cólon”, tendo depois passado por uma infecção respiratória e colocado a antibióticos. Perante o quadro clínico agravado, foi transferido para a área de cuidados paliativos.

Filho de um futebolista, o jovem Edson (que foi baptizado em homenagem a Edison, o inventor), tinha apenas 17 anos quando saltou para a ribalta. No verão de 1958, na Suécia, por entre golos e fintas memoráveis, ergueu a taça de campeão do Mundo, a sua primeira e a primeira do Brasil, e ergueu-se no imaginário dos adeptos de futebol de todo o mundo.

O seu lugar na história ficou guardado depois desse Mundial, mas Pelé fez muito mais. Ao serviço do Santos, clube pelo qual começou a jogar quando tinha 15 anos, levou o seu nome aos quatro cantos do mundo. A sua popularidade era tanta que as suas equipas faziam digressões pelo mundo.

Pelo Santos ganhou tudo: seis campeonatos brasileiros, duas Taças dos Libertadores e 2 Intercontinentais (uma delas frente ao Benfica de Eusébio). Bateu todos os recordes, marcou todos os golos que havia para marcar. Ainda hoje, o número exacto gera polémica: são-lhe reconhecidos entre 1279 e 1282 golos, um recorde da Guinness.

Pelé conquistou três Campeonatos do Mundo ao serviço do Brasil. O primeiro foi na Suécia; o segundo, quatro anos depois, no Chile (nesse, ganhou praticamente sem jogar, após se ter lesionado na primeira fase); e terceiro, em 1970, no México. Este foi o primeiro a ser transmitido em directo para o mundo inteiro.

Ao fim da carreira, já era mais mito que homem, mais um embaixador do futebol do que um mero jogador seu. Foi nessa condição que, já com 35 anos, optou por levar o jogo mais além. Em Nova Iorque, ao serviço do Cosmos, tornou-se uma celebridade (ainda mais) planetária, e desempenhou um papel fundamental para que o futebol plantasse raízes na América do Norte até aos dias de hoje.

Se existe alguma mancha no seu currículo, talvez seja a forma como optou deliberadamente por evitar a política e causas sociais. No auge da carreira, evitou envolver-se com a ditadura militar, que só viria a terminar em 1985. Mais recentemente, durante os protestos no Brasil em 2013, que em parte visavam os gastos públicos com o Mundial de 2014, veio a público pedir para que as demonstrações fossem postas de parte em prol do apoio à selecção brasileira.

No final, Edson Arantes do Nascimento era apenas um homem. O Rei era Pelé, aclamado dentro das quatro linhas, no seu tempo e em todos os tempos. Tanto assim foi que, em 2000, a FIFA o reconheceu como o Melhor Jogador do Século XX, prémio que partilhou com Maradona, o outro “monstro sagrado” dos relvados.

Edson morreu, mas Pelé é eterno. Longa vida ao Rei.

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