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Morreu o actor Laquino Fonseca (1982-2023)

Foto: O País

Perdeu a vida, esta segunda-feira, aos 41 anos, o actor moçambicano Laquino Fonseca, vítima de doença. Laquino, que se destacou pelo seu papel no filme “O Resgate”, a primeira produção moçambicana a chegar à Netflix, lutava contra uma doença há anos.

Uma terça-feira como nenhuma outra! O dia mal tinha amanhecido e já não se falava em mais nada, senão que Laquino Fonseca já se tinha ido, para sempre. Fãs e amigos inundavam as redes sociais para lamentar e homenagear o actor.Parecia especulação, uma notícia falsa, que, quanto mais era partilhada, mais verdadeira se tornava.

Ao “O país”, a notícia foi confirmada pelo irmão de Laquino, António Fonseca. Era mesmo verdade! O actor principal do filme “O Resgate” não conseguiu negociar por sua liberdade com a doença que o aprisionava há anos.

Laquino contracenou em “O Resgate”, a primeira produção moçambicana a chegar à Netflix. Filmada entre 2017 e 2018, a longa-metragem estreou em 2019, nas salas Lusomundo de Maputo e Matola. O filme rodou também em Angola e Portugal, além de ter sido exibido em festivais no Burkina Faso e no Zimbabwe.

Em 2020, Laquino Fonseca foi diagnosticado com uma hérnia umbilical, uma doença cujo tratamento custava cerca de 170 mil Meticais. O actor principal de “O Resgate” declarou, num programa televisivo, não dispor do valor, e viu-se obrigado a pedir ajuda a amigos e fãs.

Na altura, o facto gerou muito debate em torno da rentabilidade das artes no país. Fonseca obteve ajuda, mas a doença prolongava-se com o tempo.

Em 2022, foi lançada uma campanha para arrecadar os 170 mil Meticais para custear o seu tratamento médico e, em Outubro de 2023, outra campanha foi levada a cabo, porque o actor teve o seu quadro de saúde agravado.

Laquino chegou a precisar, semanalmente, de quase 3600 Meticais para comprar medicamentos. A estrela do “O Resgate” passou as duas últimas semanas da sua vida no Hospital Central de Maputo, internado por causa do seu estado de saúde, onde perdeu a vida, na noite de segunda-feira, aos 41 anos de idade.

Laquino Fonseca ficou conhecido pela sua actuação em várias peças teatrais na companhia de teatro Gungu. Participou também em videoclipes de artistas nacionais. Entretanto, ganhou mais notoriedade pelo seu papel em “O Resgate”, o primeiro filme moçambicano a chegar à Netflix.

Participou em vários programas da Stv, tendo, numa das ocasiões, dito que o seu sonho era ter uma carreira internacional. Sonho concretizado quando Laquino Fonseca participou no elenco do filme “Shaka Zulu”, produzido na vizinha África do Sul. Laquino não escondia também a sua paixão pela música; cantava e compunha.

ELE DISSE “TCHAU” E SÓ MAIS TARDE PERCEBI

Esta terça-feira, familiares, amigos e vizinhos, com expressões incrédulas no rosto, entre lágrimas e soluços, juntaram-se na casa de Laquino, no bairro de Maxaquene, para lamentar e buscar consolo uns nos outros.

Um dos primos próximos a Laquino foi nomeado para falar ao “O país”. Mercídio André acompanhou a batalha de Laquino contra o seu estado de saúde, esteve com protagonista na busca de tratamento e de cura, nos diversos internamentos.

As palavras escasseiam e lágrimas transbordam. Mercído André, primo de Laquino, busca forças e fala de um homem sempre presente, que a doença levou para sempre.

“Crescemos juntos e passamos juntos os últimos momentos, desde o início da sua doença”, confirma.

Mercído foi uma das pessoas que presenciou os seus últimos momentos e lembra-se de uma das suas últimas palavras.

“Fui visitá-lo, ontem, por volta das 17 horas. Lembro-me de algumas das suas palavras que fizeram sentido mais tarde. Ele disse-me ´tchau´ e só mais tarde percebi que era uma indicação clara de que ele já não estava a aguentar”, recordou.

Para os familiares, amigos e vizinhos, apesar da dor, o consolo está na certeza de que não é um “adeus”, mas um “até sempre”.  “Adianta, nós iremos seguir-te. Neste mundo, ninguém veio para ficar”, disse um amigo.

Segundo familiares, as cerimónias fúnebres de Laquino Fonseca poderão decorrer esta quinta-feira, em Maputo. A incerteza deve-se ao facto de estar a organizar o necessário para a realização do evento.
Laquino Fonseca deixa três filhos menores de idade.

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