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Moçambique e EAU passam a trocar informações sobre terrorismo

Moçambique e os Emirados Árabes Unidos assinaram, hoje, dois memorandos de entendimento sobre a cooperação militar e segurança pública e combate ao terrorismo. À luz destes dois instrumentos, os países passam a partilhar informações sobre a actuação de células que possam promover e/ou financiar o terrorismo nos dois territórios.

Estes instrumentos são mais uma acção do Governo de Moçambique no reforço da sua capacidade, para lidar com o grupo extremista que tem estado a desestabilizar a província de Cabo Delgado. Segundo o Presidente da República, Filipe Nyusi, que falava a jornalistas no final da sua visita oficial, os Emirados Árabes Unidos localizam-se numa região caracterizada pela emergência de vários grupos extremistas e, por isso, acumula experiências e informações sobre como actuam e como deve uma nação organizar-se, para que não seja alvo desses eventos. E Moçambique passa, igualmente, a ser fonte de informação para a segurança dos EAU.

Ainda sobre o terrorismos, o Chefe de Estado falou sobre o último ataque às instalações da empresa Gemrock que explora rubis em Namanhumbir, tendo dito que as Forças de Defesa e Segurança estão a procurar entender como é que a empresa de segurança privada, que protege aquelas instalações, não detectou preventivamente o ataque e por que não houve esforços para o repelir.

Por outro lado, referiu que os terroristas que atacaram Namanhumbir estavam em progressão para o distrito de Chiúre e em direcção a Nampula, mas aperceberam-se do dispositivo de segurança que impedia a sua movimentação e, por isso, decidiram atacar aquela localidade. No entanto, Filipe Nyusi reconhece que o país está a aprender a lidar com o tipo de ataques protagonizados pelos terroristas, pelo que, pela sua característica furtiva, é essencial a vigilância popular e rápida denúncia de qualquer movimentação.

Reiterou ainda que o Governo vai continuar a redobrar esforços para garantir a segurança dos empreendimentos económicos em todo o país, assim como das comunidades.

No domínio da economia, Moçambique e Emirados Árabes Unidos também assinaram um acordo para facilitar a realização de negócios e a formação de moçambicanos naquele país. E dos encontros que Filipe Nyusi manteve com as autoridades governamentais e o sector privado, ficou o compromisso de acelerar investimentos na agricultura, nas energias renováveis, infra-estruturas e no sector aeroportuário. Sem avançar muitos detalhes, apontou um investimento a ser realizado na agro-pecuária e no agro-processamento. Falou, igualmente, do interesse de companhias aéreas do Dubai em investir em Moçambique.

Um dos entendimentos alcançados é um investimento do Fundo Khalifa, de cerca de 25 milhões de dólares, que vai financiar pequenas e médias empresas moçambicanas, sobretudo aquelas que são lideradas por mulheres e jovens.

Ainda hoje, Filipe Nyusi visitou o Porto de Dubai operado pela DP World, uma das concessionárias do Porto de Maputo e que, nos últimos cinco anos, investiu mais de 700 milhões de dólares na modernização e ampliação daquela infra-estrutura aeroportuária.

Nyusi conheceu a inovação tecnológica que está a ser aplicada no Porto do Dubai para gestão e manuseio de contentores e do modelo de operacionalização da infra-estrutura. É que, para além do porto, a DP World gera a Zona Franca integrada no recinto portuário e com mais de sete mil empresas de diversos ramos a operar.

Este modelo permite que toda a acção do Porto do Dubai represente 33% do PIB daquele país. Os árabes querem implementar a mesma filosofia no Porto de Maputo e em Nacala. Por isso, pediram a prorrogação, por mais 10 anos, da concessão no Porto de Maputo e que lhes seja concessionado o Porto de Nacala.

Só no Porto de Maputo, prevêem investir, nos próximos três anos, 340 milhões de dólares e, só no próximo ano, 170 milhões. Com estes investimentos, acreditam que o Porto de Maputo estará em condições de se tornar no principal hub logístico da SADC, impulsionado pelas linhas de navegação marítimas directas entre Dubai, Índia, Mombasa e Maputo.

Neste momento, uma linha já está em funcionamento e garante a ligação marítima entre Dubai e Maputo em apenas 11 dias e já começou a ter adesão de clientes da África do Sul, Zimbabwe, eSwatini e Botswana, com o objectivo de atrair a maior parte do tráfego desses países que, actualmente, usam o Porto de Durban na África do Sul.

O Presidente da República diz regressar a Maputo com a convicção de que a viagem aos Emirados Árabes Unidos foi um sucesso e que o pragmatismo árabe vai, dentro de dias, mostrar os resultados da visita.

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