Alguns moçambicanos residentes na África do Sul contam que enfrentam uma situação instável, devido às manifestações violentas naquele país vizinho. Segundo dizem, o que está a dificultar o trabalho da polícia sul-africana, nestes dias, são acções coordenadas dos manifestantes.
A situação é crítica. Em algumas cidades sul-africanas, nem mesmo a polícia consegue repor a ordem pública. Gritos, aglomerados, saques, oportunismo e criminalidade. Este é apenas um pequeno quadro do que afinal caracteriza, por exemplo, um evento que começou por ser de “apoio” ao antigo presidente Jacob Zuma.
A verdade é que a situação saiu do controlo e, em Joanesburgo, por exemplo, “ninguém” se sente seguro. A rua é perigosa e não se recomenda. Ir aos centros comercias, nem pensar. “Ficar em casa” é uma “ordem” que chega com a COVID-19, mas que “só” agora faz tanto sentido. Afinal, algumas pessoas morreram durante as manifestações violentas. Ainda assim, moçambicanos residentes na África do Sul contam que nem em casa estão seguros. Por isso, enfrentam dias instáveis. Eles, claro, os sul-africanos e todos os estrangeiros no país do Rand. Por isso mesmo, relatam que em alguns bairros, sobretudo de luxo, os cidadãos organizaram-se para impedir que os manifestantes ou que a violência chegue tão perto.
A partir da Cidade de Durban, Aquimo do Rosário conta o que acompanhou: “Houve pilhagens em todos os supermercados e danos materiais. Os ataques continuam a ser feitos de forma coordenada e apenas não aconteceram, até agora, em bairros de luxo. A polícia está a ficar sem terreno. Por isso o presidente anunciou que irá solicitar as tropas para darem suporte à polícia, porque a situação está fora de controlo”. E é por isso mesmo que as comunidades criaram grupos de patrulha. Explica Do Rosário: “Os cidadãos estão a controlar as entradas, a controlar os condomínios, a fazer a guarda, com recurso às armas que possuem, já que aqui na África do Sul muitas pessoas têm licença de porte de armas”. Aquimo do Rosário é engenheiro e encontra-se em missão de serviço em Durban. No entanto, por precaução, terá de voltar à sua residência na Cidade do Cabo, onde vive e trabalha, o que lhe entristece.
Nestes dias, as redes sociais estão a permitir a rápida divulgação do que se está a passar na África do Sul. Ainda que a crise pareça iminente em mais cidades sul-africanas, por enquanto, ainda não é abrangente. Ivan Mutaquia, outro moçambicano residente na Cidade de Cabo, tranquiliza: “Até ao momento vivemos uma situação calma. Para os pais e encarregados que têm filhos a estudar aqui na Cidade do Cabo, não há motivos para muita preocupação”.