Nos últimos 15 dias a sociedade moçambicana tem estado a mobilizar-se para garantir assistência a quase dois milhões de moçambicanos afectados pelo ciclone Idai e cheias nas províncias do centro do país, com destaque para Sofala.
Contas feitas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades apontam que os cidadãos nacionais, organizados em várias frentes de solidariedade e incluindo empresas contribuíram com mais de 4 mil toneladas de produtos diversos o que equivale a 33 milhões de dólares americanos. Esses produtos foram entregues ao INGC ou foram canalizados directamente para os afectados. Houve igualmente contribuição feita em valores monetários que totalizam 3 milhões de dólares.
Ao todo foram 112 instituições e pessoas singulares que doaram produtos e 84 contribuíram em dinheiro. A ajuda internacional contabiliza actualmente mais de 45 mil toneladas de produtos diversos, parte dos quais já entregues ao INGC e outros ainda por entregar.
Toda essa ajuda tem estado a permitir que o Governo assista as mais de oitocentas mil pessoas que necessitam de ajuda urgente. Entretanto essa ajuda poderá ser necessária por mais de seis meses altura em que se espera que possam já terem sido criadas as mínimas condições para os afectados retornarem à sua vida normal.
E para garantir que a ajuda doada chegue efectivamente aos destinatários o INGC tomou uma série de medidas que visam controlar todo o circuito de gestão dos produtos, desde a sua chegada ao aeroporto e porto da Beira, o seu desembaraço aduaneiro, o transporte para o armazém central que pertence a uma empresa privada contratada para fazer a sua gestão e até à entrega às vítimas.
Laurindos Saraíva do Unidos Pela Beira, um movimento da sociedade civil que levou a cabo uma campanha de angariação de produtos para apoiar as vítimas que resultou na aquisição de 70 contentores de produtos diversos, e que agora foi convidada pelo INGC para ajudar na distribuição e monitoria da ajuda, considera que a assistência às vítimas está a decorrer com o máximo de transparência possível.
No entanto, reconhece que o elo mais fraco da cadeia de ajuda sejam os líderes comunitários e secretários dos bairros que após receberem produtos levam muito tempo a entregar aos legítimos proprietários. Por outro lado queixa-se de haver oportunistas que não são necessitados, apesar de terem sido afectados, que concorrem na aquisição de produtos alimentares com quem não tem nada para comer.
Nas quatro províncias afectadas pelo ciclone e pelas cheias foram criados 150 centros de acolhimento das vítimas e que tem estado a serem assistidas pelo Governo e seus parceiros internacionais com abrigo e alimentação. Actualmente quase mil técnicos e especialistas de vários ramos de assistência humanitária e provenientes de mais de 20 países estão em Sofala a prestarem ajuda às famílias que perderam um pouco de tudo com as calamidades que se abateu pela zona centro do país. Recorde-se que na semana passada o Governo encerrou o processo de busca e salvamento, uma vez que praticamente já não há comunidades sitiadas pelas águas das cheias.