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Mineiros moçambicanos denunciam irregularidades na observância de medidas de prevenção na África do Sul

Alguns mineiros chamados a regressar ao trabalho na África do Sul denunciam irregularidades e falta de observância das medidas de prevenção da Covid-19. Os que ainda não regressaram temem pelas condições que os esperam.

A falta de garantia de transporte para locomover-se do trabalho para casa e de casa para o trabalho, o distanciamento nos locais de trabalho, as questões de higiene e outras formas de protecção contra o corona vírus, fazem parte de uma vasta lista que constituem preocupação para pelo menos 80 mineiros das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, que regressaram ao país em Março, devido ao Lockdown na África do Sul.

A preocupação surge no âmbito da convocação para o regresso ao trabalho nas minas da terra do Rand, uma vez que a África do Sul é actualmente o país mais afectado pela Covid-19 em África.

“O País” conversou com um mineiro há 26 anos, que preferiu falar em anonimato, e contou que a entidade responsável por eles aqui, a TEBA” não consegue dar uma informação precisa, sobre as condições que os esperam na terra do rand, e isso deixa os mais preocupados.

“As condições não estão criadas, estamos a perguntar como iremos para lá, ninguém sabe, dizem que veremos ao chegar, quem vai passar a informação, se nem eles sabem?! Só sabem tirar-nos daqui e nos deitar lá, e nós temos que nos arranjar, esse é o grande problema, que nós estamos a enfrentar, aqui nesta TEBA”, desabafou o mineiro.

O medo estende-se para sua esposa, que não quer ter o chefe da família fora de casa neste momento de muita incerteza.

“O que nos preocupa é a deslocação e o distanciamento, a mina devia rever essa questão, se não tem condições que deem mais tempo e fiquem a organizar-se, meu marido irá para lá, pode morrer, eu e meus filhos como ficaremos?!”, questionou a mulher.

Outro mineiro entende que trabalhar na mina já traz problemas para saúde, pelas condições de trabalho e pelo ar que se respira, mas sabe que falta de condições para protecção, como material higiénico, luvas, mascaras, o próprio distanciamento e outros materiais de higiene podem trazer problemas sérios para a saúde, uma vez que só na sua empresa, mais de 200 trabalhadores estão infectados.

Num áudio que este jornal teve acesso, um mineiro que rumou para terra do rand no dia 15 de Julho e está em quarentena, fala da surpresa que tive, ao chegar lá.

“Quando chegamos fomos informados o seguinte: vocês que acabam de chegar, fiquem a saber que não poderão voltar para casa tão já, talvez no próximo ano, em Março, mesmo se tiverem infelicidades não poderão voltar, os falecidos serão enterrados pelos vossos familiares lá”, assim relata o mineiro.

“O País” tentou ouvir a entidade responsável pelas mineiros a TEBA, e a informação que teve é que o responsável só estaria disponível para falar na tarde de segunda-feira.

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