Uma pessoa morreu na sequência de um acidente de viação, ocorrido na madrugada de hoje, na Cidade de Maputo. O sinistro terá sido provocado por um militar, quando supostamente tentava assaltar um cidadão na via pública, com recurso a uma arma de fogo.
À primeira vista, parecia tratar-se de um acidente de viação comum. Aliás, foi o que relataram as testemunhas que também acrescentaram haver contornos estranhos nos envolvidos no sinistro. Damião Ussufo conta o que se viveu naquele local quando o estrondo violento acordou os residentes dos bairros Inhagoia e Jardim.
“Na altura do acidente, ele tentou empreender uma fuga, mas foi imobilizado pela população e, quando entramos aqui, na vala, e viramos o carro, encontramos uma arma. Encontramos garrafas de bebidas alcoólicas e muitas outras coisas. A Polícia veio e levou os dois sobreviventes para a esquadra, uma vez que o outro morreu.”
Afinal, aquele evento não era acidente de viação comum, senão um despiste e capotamento antecedido de contornos criminais.
Um dos homens, que conduzia, na madrugada desta sexta-feira, um carro ligeiro de marca Mercedes Benz, conta que foi interceptado por dois homens, sendo um militar e outro civil, que seguiam numa viatura do Ministério da Defesa Nacional e, com recurso a arma de fogo, ameaçaram-no e, por temer pela sua vida, fugiu.
“Eles perseguiam-me, eu não quis parar, iam encostando a viatura, batendo a viatura e, na tentativa de fugir, obrigaram-me novamente a parar, mas eu não parei, encostaram a arma do lado do motorista, eram dois jovens e, na Avenida Joaquim Chissano, o carro acabou por capotar.”
Vários membros das FADM dirigiram-se à 17ª esquadra, onde está um dos seus membros que supostamente terá usado o carro de serviço e a arma do exército para protagonizar assaltos. Uma fonte do Ministério da Defesa Nacional confirmou que o carro é mesmo daquela instituição do Governo e o indiciado é mesmo militar com a categoria de segundo cabo e com três anos de carreira no exército moçambicano.
Consta que, ontem, depois da jornada laboral, o militar recebeu instruções do seu superior hierárquico para que fosse descansar para logo cedo ir buscá-lo, mas este preferiu levar o seu amigo e juntos protagonizar assaltos.
O indiciado refuta as alegações que pesam sobre si e diz que apenas estava a seguir viagem com a vítima normalmente como de amigos se tratasse, afastando, assim, a teoria de que tentava roubar.
“Não queríamos arrancar-lhe dinheiro, não estávamos a persegui-lo, estava em cima da hora, queria ir à casa descansar”, contou e, quando questionado acerca da arma encontrada no carro, o indiciado disse que é do seu comandante.
A Polícia diz tratar-se de criminosos que se aproveitam dos meios do Estado para praticar crimes. Leonel Muchina, porta-voz do Comando da PRM, na Cidade de Maputo, diz lamentar a morte de um dos implicados e que o sobrevivente será responsabilizado pelo crime que cometeu.
“Neste acidente, a viatura dos criminosos capotou e um dos criminosos perdeu a vida, tendo sido detido apenas este cidadão supostamente pertencente às Forças Armadas de Defesa de Moçambique e com ele foi apreendida uma pistola com oito munições.”
Em consequência do acidente, houve congestionamento na Avenida Joaquim Chissano, local do sinistro, bem como nas ruas próximas ao bairro Jardim.