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MDM denuncia disparidade na instalação de postos de recenseamento e CNE assume

Foto: O País

O MDM diz que há manipulação do recenseamento para as eleições autárquicas e aponta, como exemplo, a alegada distribuição desigual dos postos de recenseamento. Carlos Matsinhe disse que a denúncia é real e prometeu que o assunto será analisado em reunião. Sobre o caso do suposto grupo de WhatsApp, no qual se concertam esquemas na Beira, Matsinhe diz nada saber.

O Presidente do Movimento Democrático de Moçambique, Lutero Simango, reuniu-se, na manhã desta segunda-feira, com o Presidente da Comissão Nacional de Eleições.

Lutero Simango apresentou a Carlos Matsinhe queixas sobre o que considera tratar-se de ilícitos eleitorais um pouco por todo o país.

Uma dessas irregularidades, segundo o MDM, são a distribuição e o funcionamento desigual dos postos de recenseamento eleitoral.

“Nós temos casos concretos da Beira, que tem uma superfície de 666 quilómetros quadrados e há uma projecção de eleitores na ordem de 389 mil e 93 eleitores. E, para esta autarquia, estão lá 66 postos de recenseamento. O Município de Marracuene tem a mesma extensão territorial e a projecção de eleitores é de 154 mil e 188 eleitores e os postos de recenseamento são 164. Senhor Presidente, analisando friamente, aqui há uma manipulação do processo e isso é grave. Portanto, viemos aqui para pedir à CNE que faça a correcção urgentemente”, denunciou Lutero Simango, presidente do MDM.

Carlos Matsinhe salientou que não há nenhuma orientação para que o recenseamento eleitoral seja feito fora das regras previstas na lei.

“Com os dados que apresenta aqui, ninguém pode ignorar que existem muitas diferenças. Quero agradecer bastante por esta análise que foi feita aqui. Por exemplo, quando fala da cidade da Beira, que tem 66 postos de recenseamento, e Xai-Xai que tem um número aproximadamente igual, isto fala muito. Mas, a CNE, quando recebeu o mapa da distribuição dos postos de recenseamento, não fez esta análise e nós agradecemos que se tenha feito”, referiu Carlos Matsinhe, Presidente da CNE.

No encontro com o Presidente da CNE, Lutero Simango sugeriu a prorrogação do recenseamento eleitoral, cujo término está previsto para o dia 03 de Junho próximo.

 

CNE NADA SABE SOBRE SUPOSTO GRUPO DE WHATSAPP

Ainda sobre as irregularidades no recenseamento eleitoral, o Presidente da CNE reagiu, hoje, ao assunto da criação de um suposto grupo de WhatsApp, visando viciar o recenseamento eleitoral na cidade da Beira, província de Sofala. Dom Carlos Matsinhe considera que, se for verdade, tal acto uma ilegalidade.

“Se há ou foi criado um grupo de WhatsApp deliberadamente para orientar brigadistas a fazerem actos que viciam este processo, isso constitui uma ilegalidade. É importante saber quem foi que criou o grupo, qual é a origem e, caso seja possível fazermos seguimento para perceber até que ponto esse grupo está a causar danos ao processo. Portanto, o meu posicionamento é o de condenar este tipo de utilização de redes sociais para interferir no processo normal do recenseamento eleitoral. Não podemos usar as redes sociais; não temos controlo sobre as redes sociais, é condenável.”

Carlos Matsinhe salientou que não há nenhuma orientação para que o recenseamento eleitoral seja feito fora das regras previstas na lei.

“É também uma questão de repudiar, porque sabemos que o recenseamento eleitoral tem postos de recenseamento previamente indicados e que nunca nenhuma brigada foi colocada para funcionar na residência de um concidadão, muito menos na residência de um líder comunitário, o secretario do bairro, ou chefe de quarteirão, nunca assim.”

Já o vice-presidente da CNE, Fernando Mazanga, entende ser necessária a intervenção do Presidente da República para resolver as anomalias relatadas em torno do recenseamento eleitoral.

“Há uma interdependência em termos de funcionamento, mas aquele que nos empossou, aquele que é o Chefe de Estado deve dizer algo aos moçambicanos sobre a conduta dos processos eleitorais, porque todo o sistema está enferrujado e tem interferências negativas.”

A CNE prepara-se para, dentro de dias, iniciar uma supervisão ao recenseamento em todo o país.

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