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Massificação em Adidas…nem que sejam das calamidades!

O Presidente Samora Machel, quando recebeu Eusébio pela primeira vez após a declaração da nossa Independência, recordou – “Quando eu estava na guerrilha, o Presidente Kim Il Sung da Coreia do Norte, pediu-me: vence-lá depressa os colonialistas, de forma a tirares da Selecção de Portugal, o Eusébio, que desgraçou a minha selecção, no Mundial de 1966, em Londres. Perdemos por 5-3, com três golos do teu compatriota”.

Saudades do tempo colonial, em que as estrelas dos principais clubes moçambicanos eram cobiçados pelos “grandes” de Portugal, nalguns casos com presença obrigatória na Selecção da Quinas?

Em muitos aspectos, sim. Sobretudo porque nos dias que vivemos, não brilha em nenhum dos crónicos candidatos ao título português, qualquer dos nossos craques.

DAS INTENÇÕES À PRÁTICA… UM ABISMO!

Devido à vivência e envolvência no desporto ao longo da minha já não curta vida, sou confrontado, amiúde com uma pergunta que já se tornou sacramental:  “porquê esta situação”?

Um assunto que suscita várias respostas, de uma forma geral interligadas. Mas vou-me deter numa das explicações que me parece estar no topo da “queda-livre”!
Mudaram-se os tempos e as realidades. Mas, entre nós, nem sempre… as vontades!

E para onde apontam as novas realidades? Com a profusão das novas tecnologias, houve mudança de certos paradigmas, a nível mundial. Os jovens sentem-se mais atraídos pelos jogos que não fazem suar, do que por aqueles em que é necessário “dar ao litro”.

Daí que, quando apostam em puxar pelo físico, mesmo no culturismo, a melhoria da saúde ou a confraternização, não são as prioridades. Ou buscam alternativa de emprego, ou um físico atraente para impressionar na sociedade, muito particularmente, às “pitas”.

Portanto, a massificação tem que obedecer a bases diferentes das dos tempos idos, em que no futebol, por exemplo, bastava uma bola e um espaço livre, para a miudagem fazer, com paixão, a sua iniciação.

Hoje o desporto aparece para contrapor o chamamento das drogas, o vício das redes sociais e outros excessos.

Estamos, portanto, em presença de um quase total “esvaziamento” da sua essência. “Correr dá saúde? Então que corram os doentes…
Há que reconhecer que faltam campos, bolas e técnicos. Mas a carência principal tem a ver com factores motivadores, enquadrados nos novos tempos e ventos.

A formação do futebol em Portugal, por exemplo, ocupa um espaço de excelência, claramente definido, em que os talentos, até que se afirmem e provem que têm qualidade para serem integrado nas “universidades da bola”, jogam para serem vistos, muitas vezes comprando o seu equipamento e, nalguns casos, até pagando propinas. E só a partir da sua afirmação – com o “scouting” em acção – é que os papéis se invertem e as colectividades começam a propor salários. Os resultados estão à vista!

A massificação em adidas, nem que sejam das calamidades, é para onde apontam os novos ventos. Isto porque o jovem tem que mostrar no seu bairro, as vantagens da sua opção, para contrapor aos títulos de “matreco” com que volta e meia é apelidado.

E os clubes têm que fazer contas, cair na real. Os gastos em meia dúzia de estrangeiros – com ou sem BI falsificado – investidos para alegrar e motivar a criançada, não produzirão, em poucos anos, estrelas para constar na relação dos seus maiores activos”?

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