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Maputo passará a ter pontos de depósitos de máscaras descartáveis usadas

Foto: O País

O Conselho Municipal da Cidade de Maputo pretende montar depósitos de máscaras usadas, a serem recicladas e transformadas em objectos para beneficiar a população.

A máscara de protecção facial já foi um dos principais meios de defesa contra COVID-19. Entretanto, com o passar do tempo, grande parte das máscaras foi sendo descartada de forma inadequada, causando, deste modo, a poluição ambiental, marinha e não só.

Segundo o ambientalista Rui Silva, as máscaras descartáveis levam cerca de 400 anos para se decompor e contêm pequenas partículas de plástico, que, quando consumidas pelos peixes, terminam no organismo humano.

“Quando a máscara, à semelhança do resto do plástico, entra, por exemplo, nos oceanos, subdivide-se em microplásticos ou nanoplástico. Estas partículas entram na nossa cadeia alimentar quando o peixe que consumimos tenha consumido este plástico. O mesmo ocorre com o sal marinho. Estima-se que 90% do sal marinho, em todo o mundo, tenha pequenas partes de plásticos. Há estudos que mostram a existência de nanoplástico no nosso organismo, mas o mais grave é que cerca de 10% do plástico que ingerimos chega à nossa corrente sanguínea, o que pode originar doenças graves”, detalhou Silva.

Para reduzir a poluição causada pelas máscaras descartáveis, o Conselho Municipal da Cidade de Maputo pretende montar pontos de descarte, como forma de sensibilizar a sociedade a pautar por acções amigas do ambiente.

Na cerimónia de apresentação do projecto, foram colocados dois exemplos em dois postes de transformação eléctrica, no fim da avenida Guerra Popular. A vereadora de Saúde e Acção Social no Município de Maputo, Alice de Abreu, explica como vai funcionar o processo, desde a recolha até ao produto fruto da reciclagem.

“Temos técnicos capacitados para fazer a recolha segura destas marcas. Após a recolha, as máscaras serão transportadas para um destino intermédia onde aguardaram até passar o período de risco de contaminação. Depois disso, as máscaras passarão por processos técnicos, até se obter objectos comercializáveis”, explicou Alice de Abreu.

A vereadora de Saúde e Acção Social no Município de Maputo esclareceu ainda que a iniciativa vai gerar fontes de renda para os munícipes, pois a comunidade é que vai aplicar preço e vai fazer a venda, permitindo geração de renda.

A edilidade espera montar, até ao fim deste mês, cerca de cem unidades do equipamento em todos os bairros do Distrito Municipal KaMpfumo, mas, a longo prazo, espera-se abranger toda a capital.

Os munícipes apreciam positivamente a iniciativa, visto que servirá para consciencializar as pessoas e proteger o ambiente.

“A ideia é boa e interessante, pois não é bom descartar a máscara em locais inadequados, como no chão”, disse Aurora Cumbane, munícipe.

“A ideia é de louvar, porque assim incentivamos as pessoas ao optarem pelo descarte correcto da máscara, como são estes pontos distribuídos pela cidade”, concordou Valéria Rinaldine, outra munícipe.

Para o ambientalista Rui Silva, ainda que o projecto tenha sido implementado depois de o Presidente da República ter anunciado, esta quarta-feira, o fim do uso obrigatório de máscaras de protecção facial, em todos os espaços públicos fechados, excepto nos transportes de passageiros, hospitais, farmácias e outros locais, será bem-sucedido, pois ainda haverá muitas máscaras a circular no país.

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