Vários manifestantes dos bairros Maxaquene e Polana Caniço, na Cidade de Maputo, fizeram-se à rua, na manhã desta quinta-feira. Segundo disseram às câmaras do canal televisivo STV, o objectivo é expressar a sua indignação em relação ao que consideram “situação que vive o país”.
O destino dos manifestantes dos dois subúrbios da capital do país é marchar até à Avenida Joaquim Chissano, para uns, e Avenida 25 de Setembro, para outros.
Entrevistados, alguns manifestantes disseram que a marcha começou de forma pacífica, na Praça dos Combatentes, vulgo Xiquelene, com o acompanhamento das autoridades. No entanto, quando se aproximaram à Praça da OMM, perto do local onde foram assassinados o advogado Elvino Dias e o mandatário nacional do PODEMOS, Paulo Guambe, a Unidade de Intervenção Rápida vedou-lhes a passagem. Os manifestantes tentaram negociar a cedência da passagem, sem sucesso. Por isso mesmo, indignados, o ambiente ficou tenso e, assim, iniciou a animosidade entre as partes. Por um lado, a polícia disparava gás lacrimogéneo para dispersar a população, e, por outro, os manifestantes atiravam pedras à polícia.
Enquanto a polícia disparava o gás lacrimogéneo, de facto, os manifestantes dispersavam-se. Entretanto, em vários momentos, não desistiu. Pelo contrário, apagava o gás com água que também usava para lavar o rosto.
Entre manifestantes há crianças e os jovens que aceitaram falar às câmaras da STV disseram que a polícia é culpada porque está a criar agitação. Nos seus entendimentos, os manifestantes apenas exigem os seus direitos: “Não estamos a babar nada de ninguém. Não vamos roubar nada de ninguém. Como população, sabemos que votamos e ganhamos. Apenas queremos marchar, não queremos fazer mal a ninguém”, disse um dos manifestantes.
“Nós só estamos cansados do nosso Governo. Cada um de nós saiu de casa para mostrar que está cansado pela situação do nosso país. Nós, os que estamos aqui, somos os líderes [desta manifestação]. Estes da UIR [Unidade de Intervenção Rápida] não gostam de paz. Nós queríamos apenas chegar à 25 de Setembro. Depois voltaríamos para casa”, disse outro manifestante.
“É uma marcha pacífica. Mas, o que estamos a ver, já não estamos a gostar”, disse ainda outro.
Já na Cidade da Matola, a mais ou menos 15 minutos de carro da Maxaquene, o confronto entre manifestantes e a polícia se verificou na Estrada Nacional Número 4, que liga o Porto de Maputo a África do Sul. No local, também se viu a polícia a disparar gás lacrimogéneo, no caso, para algumas residências. A situação aborreceu moradores com idade avançada que não estavam a manifestar: “Peço socorro. Tenho estas coisas [cápsulas de gás lacrimogéneo] no meu quintal. Atiraram quatro coisas ao meu quintal. Há pouco tempo também atiraram à casa de uma velha. É para eu ir para onde? Já estou com medo da minha casa”, disse Odete, uma residente do Bairro Luís Cabral, fronteira entre Cidade de Maputo e Cidade da Matola.
A população colocou barricadas na Estrada Nacional Número 4 e tem ripostado aos disparos da polícia com pedradas, que também atingiram algumas viaturas que tentaram chegar à capital do país ou a outros pontos da Matola, a partir da Portagem de Maputo.