Faltam dois anos para o fim do mandato de Eneas Comiche e, embora tenha prometido solução no dia da sua tomada de posse, as principais estradas da Cidade de Maputo estão esburacadas como sempre. Condutores mostram-se agastados e questionam a finalidade dos impostos colectados nesses três anos.
A 7 de Fevereiro de 2019, Eneas Comiche tomou posse como novo presidente da Autarquia de Maputo e, na ocasião, jurou fazer de tudo para melhorar o Município que passava a presidir. “Todas as contribuições que recebemos dos munícipes, com propostas concretas, vamos buscar soluções para diversos problemas que a cidade enfrenta”, prometeu Comiche, no dia de tomada de posse.
E no dia 7 de Fevereiro corrente, completou-se o terceiro ano da sua governação municipal. Faltam dois anos para o fim do presente mandato e o edil Eneas Comiche ainda não arranjou solução para o crónico problema das vias de acesso, em degradação progressiva, na capital do país.
Filipe Gulule, um dos automobilistas entrevistado pelo jornal “O País”, considera ser inaceitável o que se vive nas estradas da maior cidade do país. “A estrada está em péssimas condições, então é o que nos leva a ter aquelas dificuldades e, por vezes, temos que invadir a faixa contrária, andamos em contramão, o que pode causar acidentes”, reclamou.
Esse é o retrato do que se vive na Avenida da Organização das Nações Unidas por baixo do viaduto da ponte Maputo KaTembe, onde se assiste a várias manobras dos condutores a esquivarem-se das covas.
Em algum momento, faltam alternativas e os automobilistas são obrigados a passar pelos buracos contra todos os riscos, ou até andar em contramão. A Polícia esforça-se em controlar as transgressões, mas não resulta, os buracos, que são característicos em diferentes vias da Cidade de Maputo, não saem do lugar e, devido à última chuva, aumentaram de profundidade e largura.
Jossias Tembe segue pela Avenida Joaquim Chissano, onde já perfilam buracos e questionam por que razão a edilidade não reabilita as estradas enquanto cobra impostos. E, em caso de reabilitação, a qualidade das obras deixa a desejar. “Algumas partes da estrada estão esburacadas, eles devem arranjar, porque nós pagamos impostos ao Município”.
O prolongamento da Avenida Julius Nyerere, no troço que parte da Praça dos Combatentes até à Praça da Juventude, a Norte da Cidade de Maputo, está progressivamente a degradar-se, as faixas de rodagem tornaram-se estreitas e inseguras. Há muito que se fala da reabilitação daquela via, mas não há nada de concreto até hoje.
E por mais estreita que seja aquela via, há espaço para partilhar com os carros de tracção manual e, porque não há intervenção do Município nas estradas degradadas, a situação piora com a chuva que cai nos últimos dias.
Alguns jovens, que vivem nas proximidades, vêem, na Julius Nyerere, uma oportunidade para ganhar dinheiro. Os jovens tapam os buracos com recurso à areia e os automobilistas dão-lhes algum dinheiro, como contou Maló Honwana, que leva consigo na mão um recipiente onde são depositadas as moedas. “Estamos a arranjar a estrada para o bem deles, porque a mesma está cheia de buracos”.
São tantas as avenidas e ruas que precisam de reabilitação profunda na capital do país, tais como Guerra Popular, do Trabalho e Julius Nyerere, e é do conhecimento do Município de Maputo. O director municipal de Infra-estruturas Urbanas, Saturnino Chembeze, não avança datas, mas garante que serão feitos, ainda este ano, trabalhos nessas rodovias.
“Na Julius Nyerere, temos dois troços, que são entre o Ministério da Defesa Nacional e a Praça do Destacamento Feminino, são os troços que vamos reabilitar e depois temos o troço entre a Praça dos Combatentes até à Praça da Juventude. Temos o projecto feito, estamos a fazer pequenas correções, temos lá alguns acertos. Temos a Avenida do Trabalho que também está em preparação, a Rua São Pedro no Bairro 25 de Junho, enfim, temos um conjunto de obras que vão arrancar muito em breve”, concluiu o director de Infra-estruturas Urbanas no Município de Maputo.
A nossa fonte acrescentou ainda que as obras mencionadas serão suportadas pelo orçamento do Município e a par disso há uma doação do Banco Mundial, cerca de 100 milhões de dólares americanos, que serão alocados para o projecto da requalificação da Cidade de Maputo, com destaque para a zona baixa.