A Confederação Africana de Futebol (CAF) anuiu o pedido da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) de reconsiderar a decisão da não participação na selecção Sub-23 nas eliminatórias de qualificação ao campeonato africano de futebol, a ter lugar em Marrocos, no próximo ano.
A notícia do cancelamento da não participação na selecção Sub-23 nas eliminatórias de acesso ao campeonato africano de futebol agitou as águas.
“A não participação destas selecções de futebol tem origem nas limitações orçamentais, bem como na necessidade de garantir o curso normal do calendário do Moçambola – 2022, face às interrupções que, por força dos compromissos internacionais, se têm registado”, lê-se no comunicado da FMF.
O comunicado da FMF gerou muitos debates, sendo que, muitas vozes, se fizeram ouvir em relação ao assunto. É que, segundo defendiam os amantes do futebol, não fazia sentido que, numa altura em que se tem falado de renovação na selecção, se tomasse uma decisão desse género.
A selecção não só estaria envolvida nas eliminatórias de acesso ao CAN, em que, segundo ditou o sorteio, deveria defrontar as Ilhas Maurícias, mas também estaria a lutar para garantir um lugar nos Jogos Olímpicos, Paris 2024.
A decisão do organismo que superintende o futebol africano também não foi bem acolhida pelo Governo, que, através do secretário do Estado do Desporto veio a terreiro mostrar o seu descontentamento.
Na altura, Gilberto Mendes teria dito que a decisão da FMF revelava a falta de organização no organismo liderado por Feizal Sidat. Disse ainda que não fazia sentido desistir sem que se tivessem esgotado todos os mecanismos para a viabilização da participação daquela que é tida como a selecção olímpica do país.
Face à pressão e com a promessa do Governo em canalizar apoio para que os Mambinhas participassem nas eliminatórias, a Federação Moçambicana de Futebol submeteu uma carta à Confederação Africana de Futebol, a pedir que o organismo-reitor do futebol africano reconsiderasse a decisão.
CAF DISSE “SIM’ À FMF
A CAF anunciou, esta quarta-feira, a sua decisão a favor da Federação Moçambicana de Futebol. Ou seja, anuiu o pedido da FMF. Assim, a selecção Sub-23 vai participar nas eliminatórias de acesso ao CAN da categoria.
Com esse anúncio favorável à FMF, corre-se contra o relógio, na medida em que o combinado nacional perdeu muito tempo. Segundo apurámos de uma fonte próxima da federação, o seleccionador nacional, Chiquinho Conde, deverá anunciar, ainda esta semana, a convocatória para essa eliminatória.
A convocatória poderá ser dominada por muitos jogadores que fizeram parte das eliminatórias de acesso ao CHAN, em que os Mambas garantiram a qualificação suplantando o Malawi.
Aliás, Chiquinho Conde não via com bons olhos a não participação do combinado nacional nessas eliminatórias.
“Esta categoria é um espaço-chave para analisar os jogadores porque eles são o futuro da selecção nacional, uma vez que eles não são eternos”, disse Chiquinho Conde aquando do anúncio, pela CAF, desta competição.
O seleccionador nacional disse ainda que “devemos criar um espaço para poder valorizar estes jovens, dar-lhes conhecimento e habilidade para poderem criar tracção e augurar um futuro como possíveis convocados na equipa A”, explicou.
Em caso de vitória na primeira eliminatória contra as Ilhas Maurícias, os Mambinhas vão cruzar o caminho do Gana na segunda e penúltima, conjunto que tem sido exímio participante nas competições africanas.
Os Mambinhas partem para as eliminatórias de acesso ao CAN, numa altura em que o país vive um momento de êxtase, face à qualificação dos Mambas para o CHAN. Aliás, esse facto é descrito como uma oportunidade para o futebol moçambicano voltar à ribalta, garantindo, por isso, presença nas competições sob égide da CAF.
O presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat, disse, dias depois de o organismo que dirige ter submetido a carta de pedido de reconsideração à CAF, que já havia, caso o desfecho fosse favorável, um plano de preparação.
Segundo disse, o plano inclui jogos de preparação com adversários da região, tendo em vista garantir que a selecção chegasse às eliminatórias com alguma tarimba. Sidat teria dito ainda que, caso a CAF anuísse o pedido, o futebol moçambicano sairia a ganhar, pois a sua participação vai permitir dar mais rodagem aos jogadores em competições internacionais.
Esclareceu ainda que não era vontade da FMF não participar nas eliminatórias, mas as condições financeiras não permitem.