A selecção nacional de futebol parte, esta sexta-feira, para Lusaka, capital zambiana, para o embate da segunda mão da primeira eliminatória de acesso ao CHAN da Argélia, em 2023. O seleccionador nacional e o capitão estão cientes da responsabilidade que têm pela frente, mas afiançam que de tudo vão fazer para trazer alegria aos moçambicanos.
É a última cartada para os Mambas no sonho de qualificação à fase final do Campeonato Africano das Nações para Internos, CHAN, que terá lugar na Argélia, próximo ano. É que, depois do nulo na primeira mão, domingo passado, em Maputo, tudo ficou em aberto para o embate deste sábado, em Lusaka, com as possibilidades de qualificação à fase seguinte estarem divididas pelas duas selecções, de forma proporcional, pese embora a pendência a recair para o lado dos moçambicanos.
Aos Mambas bastam dois resultados, dos três possíveis, para garantir a qualificação: um empate com golos e uma vitória, por qualquer resultado. Enquanto, para os zambianos, apenas a vitória vale para garantir um lugar na próxima eliminatória.
Um empate sem abertura de contagem leva as duas equipas à marca das grandes penalidades e os Mambas já provaram, no torneio Cosafa, que têm especialistas para os remates da marca dos 11 metros, quer a marcar, quer a defender.
É por isso que, nos treinos realizados em solo pátrio, o seleccionador nacional priorizou, também, a marcação das grandes penalidades, a prever um empate sem golos.
IR À ZÂMBIA PARA REPETIR PROEZA DE 2018
Esta será a segunda deslocação de Moçambique para Zâmbia nos últimos cinco anos, concretamente em 2017, aquando da qualificação ao CAN 2019. Nesse jogo, os Mambas lograram alcançar a primeira vitória na história dos confrontos directos, por uma bola sem resposta, com golo de Ratifo para lá dos 90 minutos.
No jogo de volta, no Zimpeto, em 2018, os Mambas voltaram a vencer, pelo mesmo resultado, desta vez com golo de Reginaldo.
Desta vez, sem Ratifo, sem Reginaldo e sem nenhum dos jogadores que actuam fora de portas, as duas selecções cruzaram-se primeiro no Zimpeto e terminaram com nulo. De volta a Lusaka, a expectativa é repetir a proeza de 2017. Vale dizer que se trata do encontro entre o Moçambola e a MTN/FAZ Super Division, ou seja, os campeonatos dos dois países.
Os Mambas levam consigo o facto de, depois de mais de 20 anos, nunca terem tido uma sequência de resultados positivos diante da Zâmbia, chegando agora a quatro jogos seguidos, sem perder, ou seja, duas vitórias e dois empates. Por isso a expectativa de manter a senda dos bons resultados e conseguir uma vitória ou um empate, com golos, que garanta a qualificação à última eliminatória de acesso ao CHAN 2023, que terá lugar na Argélia.
MISSÃO ESPINHOSA, MAS NÃO IMPOSSÍVEL
Na hora de partir para Lusaka, o seleccionador nacional, Chiquinho Conde, diz que esta é uma missão espinhosa e os jogadores devem estar cientes disso. “Desde o início, era uma missão espinhosa e que poderíamos tê-la tornado mais fácil, se tivéssemos concretizado, pelo menos, um golo. Mas o cenário é esse, e empatamos o jogo”, diz Conde.
Para este, a eliminatória está em aberto e “são mais de 90 minutos de um jogo, agora fora. Agora é preciso sermos perspicazes e astutos para conseguirmos levar de vencida esta eliminatória, porque não se trata só de um jogo, mas trata-se, fundamentalmente, de uma vitória que todos os jogadores e toda a sociedade querem”, assume o técnico.
Aliás, Chiquinho Conde está ciente do desejo de ver os Mambas na fase final desta competição e não esconde que o desejo é mútuo. “Esta é uma grande possibilidade que nós temos e, no futebol, nós temos sempre a oportunidade de, rapidamente, no jogo seguinte, nos redimirmos daquilo que não fizemos no jogo anterior”, esclarece.
E o que não aconteceu no jogo do Zimpeto foram golos, pelo que o seleccionador nacional diz que “agora queremos frutificar isso e ver se conseguimos concretizar na Zâmbia”, recordando o lema do conjunto: “se não der para ganhar, pelo menos não dá para perder”.
SERENIDADE E TRANQUILIDADE EXIGIDA AOS JOGADORES
A falta de golos nos Mambas tem sido uma preocupação para o seleccionador nacional, que, durante os trabalhos desta semana, priorizou esta componente, tanto dos avançados como dos restantes jogadores. Afinal “não é pela falta de empenho e treino que não conseguimos marcar, porque os jogadores treinam arduamente para isso”, diz Conde.
Para o jogo deste sábado, o técnico pede duas coisas: serenidade e tranquilidade. “É preciso haver serenidade, não só dos jogadores que jogam à frente, mas de todos aqueles que se envolvem naquela acção ofensiva e naquele espaço”, recomenda o seleccionador nacional.
“Espero que os jogadores tenham a serenidade e tranquilidade de o fazer. Que não tenham medo de errar nem de continuar a insistir, porque só errando é que se consegue a perfeição”, disse Chiquinho Conde, realçando que a meta agora é conseguir marcar golos na Zâmbia.
CHICO E MEXER RECUPERADOS
Nas sessões desta quarta e quinta-feiras, o seleccionador já pode contar com a integração de Chico e Mexer, dois jogadores que estiveram a contas com lesões, o que os impediu de disputar o jogo da primeira mão, no Estádio nacional do Zimpeto, tal como Amadou, que contraiu a COVID-19.
O técnico elogiou o regresso destes dois defesas, que os considera “bem-vindos”, até porque estão no grupo desde o início.
“Chico é um jogador experiente e Mexer é uma surpresa agradável nos jogos que fez até aqui. São dois jogadores válidos e vamos ver, até lá, qual a estratégia que vamos desempenhar nesse sector defesa”, disse Chiquinho Conde sem descurar da presença de outras unidades, casos de Fóia. “Vamos ver até lá como é que Chico reage aos treinos subsequentes para depois definirmos quem vai participar no jogo”, concluiu Conde.
EDMILSON DOVE
Capitão dos Mambas
“A expectativa é a mesma de sempre – entrarmos em campo para tentar ganhar jogos – e este será mais um jogo, não será nada fácil, todos nós sabemos, mas estamos confiantes, porque temos estado a trabalhar para tal. Acreditamos que, no jogo que vamos fazer contra a Zâmbia, vamos concretizar todas as oportunidades em golo e sairemos vitoriosos. Há vários outros elementos podemos melhorar, mas na finalização é onde temos pecado mais, e temos que trabalhar nisso para podermos marcar golos na Zâmbia”.