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Mais uma vez…vítimas da lixeira de Hulene revoltados com a edilidade

As vítimas do desabamento da lixeira de Hulene protestam contra a assinatura de um novo contrato de pagamento de subsídio de renda antes do pagamento da dívida em atraso dos últimos três meses. As famílias falam, ainda, de despejos por parte dos proprietários das casas.

É a segunda vez em menos de dois meses que as famílias atingidas pela tragédia da lixeira de Hulene (que matou 16 pessoas em 2018) amotinam-se no edifício do Conselho Municipal de Maputo para expressar a sua indignação em relação à demora no pagamento de subsídio de renda de casas.

“Estamos a passar mal com os donos da casa. Não sei para onde iremos, estamos cansados”, contou Júlia Langa, uma das vítimas do desabamento da lixeira de Hulene, numa frustração agravada pelo facto de não conseguir ver as obras na zona de reassentamento a darem seguimento, “nós não estamos a ver nada do que está a ser feito em Possulane (zona de reassentamento definitivo)”.

Quem também de que lidar com as exigências dos proprietários da residência onde está a arrendar é Catarina Jorge. “Eu fui mandada embora na casa onde estou a vive. Para onde devo ir com um filho deficiente que tenho. Onde é que hei-de ir com o meu filho?” questionou, retoricamente, Catarina Jorge, também uma das vítimas do desabamento da lixeira de Hulene.

Mais uma vez, as vítimas do desabamento da lixeira de Hulene estão de costas voltadas com o Conselho Municipal de Maputo. O assunto é o mesmo: revindicar o subsídio de pagamento de casas arrendadas.

Sem saber para onde ir, uma parte das 256 famílias retiradas das redondezas da lixeira de Hulene amotinaram-se atrás do edifício da edilidade, não só para exigir o dinheiro em atraso, mas também para protestar contra assinatura de novo contrato de arrendamento de casas.

“Agora dizem que temos que assinar um outro contrato e nós não sabemos que contrato é esse porque já temos um (contrato) que diz que vão nos dar o dinheiro para arrendamento de casas”, revelou António Macarringue, um dos afectados pela tragédia de 19 de Fevereiro de 2018.

E o acordo de reassentamento a que “O País” teve acesso tem a duração de um ano, ou seja, de Maio de 2019 a Maio de 2020 e prevê a atribuição de um subsídio mensal de 10 mil meticais por um período nunca superior a 12 meses, até a entrega do imóvel prometido.

Passados 12 meses, as casas para o reassentamento definitivo das vítimas da lixeira de Hulene não foram construídas e esta terça-feira, as vítimas foram chamadas para renovar o contrato por quase mais um ano.

“Assinei o contrato. Ele foi-me explicado verbalmente porque não sei ler. Disseram que daqui a uma semana (mais tardar sexta-feira) teremos o valor porque viemos aqui para reclamar sobre o arrendamento de casas. Entretanto, nem todos estão de acordo”, confirmou a assinatura do novo contrato, Aria Manuel, vítima do desabamento da lixeira.

E os que alinham com a ideia do novo contrato, um a um entravam no edifício do Conselho Municipal para renovar o acordo de reassentamento. Tentamos ouvir o Conselho Municipal de Maputo e prometeu se pronunciar sobre o assunto oportunamente.

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