Já passam 26 dias desde que o ciclone e as cheias se abateram pela zona centro do país, com maior intensidade na província de Sofala. Entretanto, ainda há comunidades no distrito de Dondo que ainda se encontram cercadas pela água. É exemplo disso o povoado de Nhamacungwir no posto administrativo de Mafambisse, no distrito de Dondo. São mais de duas mil pessoas que vivem em pequenas ilhas criadas pelas águas das cheias.
Quando a água chegou os residentes daquele povoado procuraram pontos altos na aldeia, a maior parte criados por murches que abundam naquela zona, para se salvarem da água. Os mesmos não beneficiaram de resgate por isso continuam a viver cercados de água e construíram pequenas cabanas para se abrigarem enquanto esperam a água baixar.
Porque a comunidade está isolada só no último Domingo recebeu a primeira ajuda alimentar composta por cem sacos de 25 kg de arroz, dois sacos de feijão e 209 sacos de farinha de milho de 10 kg cada. Hoje foi enviada mais ajudao. No primeiro carregamento um helicóptero da força áerea sul-africana levou 200 sacos de arroz de 10 kg cada e no segundo carregamento não foi possível apurar as quantidades.
A população correu em massa para a escola primária local onde ficou guardada a ajuda alimentar. Os líderes não distribuíram os produtos alegando que não tiveram nenhuma ordem para assim proceder. Por outro lado apontaram o facto de a quantidade não ser suficiente para pelo menos dar um saco para cada família, uma vez que residem naquele povoado quase 500 famílias. Por isso, preferiam esperar até completar a quantidade que pudesse ser suficiente para dar a cada família um saco de arroz, de farinha de milho, alguma quantidade considerável de feijão, óleo, sal entre outros produtos e que se não completarem continuariam a não fazer a distribuição.
Enquanto não se faz a distribuição, os residentes daquela região recorrem ao milho que retiram da água. Apesar do mesmo encontrar-se estragado e a germinar aproveitam preparar para dar de comer suas famílias mesmo sabendo que pode criar problemas de saúde principalmente para as crianças.
A população diz não ter outra alternativa para matar a fome.
O povoado continua a consumir água não tratada retirada de pequenos poços que abrem nas zonas onde estão a residir, alegando não ter como adquirir produtos para purificar o precioso líquido ou ter acesso a água potável. Outra grande preocupação é que continuam, 26 dias depois, sem ter acesso aos cuidados de saúde primários.
Naquela aldeia reside um socorrista mas diz que sua casa onde guarda medicamentos e material para realizar exames rápidos de algumas doenças ficou inundada e perdeu tudo. Apesar da avalanche de pessoas que o procuram para aliviarem suas dores não tem como ajudá-las. Por vezes diz que circula a aldeia de canoas para ver os doentes mas sempre esbarra-se na falta de medicamentos para aliviar a dor dos seus pacientes. No local onde a população se aglomerava estavam alguns doentes que foram na expectativa de que chegaria medicamentos de helicópteros mas não.