O País – A verdade como notícia

Mais de 500 alunos deixam de estudar ao ar livre em Senga, distrito de Palma

São ao todo mais de 500 alunos que deixam de estudar ao ar livre e sentados no chão com a entrega, terça-feira, da Escola Primária de Senga, distrito de Palma, província de Cabo Delgado, requalificada pelo projecto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies.

Aos cânticos e aplausos, as crianças da aldeia de Senga, distrito de Palma, província de Cabo Delgado, olhavam o movimento anormal de pessoas e para a sua escola que estava com a entrada isolada de fitas e com uma flor.

Não faziam ideia do que podia estar a acontecer. Mas era um prenúncio de que estava na hora de abandonar as árvores, tendas improvisadas e salas de construção precária para salas de alvenaria e mais modernas.

As memórias que os alunos têm das aulas no passado não são das melhores, sobretudo em dias de chuva. “Quando chovesse, nós não tínhamos aulas porque nem nós nem os professores nos fazíamos presentes na escola. Ainda que as condições não fossem das melhores, tentávamos estudar”, contou Elsa Jaime, aluna da Escola Primária Completa de Senga.

E nos dias de sol, as crianças eram nómadas em função da posição da sombra das árvores, aliás, das suas salas. Sem carteiras, os alunos escreviam as linhas do seu futuro sentados no chão.

“Estudar daquela maneira era um grande sofrimento para nós. Mas, agora que temos uma nova escola, estamos mais motivados e pedimos aos professores que estejam firmes porque as coisas melhoraram”, revelou Ernesto Duve, também aluno da Escola Primária de Senga.

Se a educação era um sofrimento para os alunos, para os que se dedicam a ensinar era incontáveis vezes pior. “Era muito difícil porque, no tempo chuvoso, obrigávamos os alunos a abandonar para ir à casa porque não é possível dar aulas numa mangueira. Com a nova escola, vai mudar muita coisa. Faça chuva, faça sol, estaremos sempre a trabalhar”, disse Morez Abai, professor da Escola Primária de Senga, num tom entusiasmado.

E o corte de fita, que parece simples, é que abre a porta para a mudança na Escola Primária Completa de Senga, distrito de Palma, em Cabo Delgado.

A infra-estrutura escolar entregue, esta terça-feira, pelo governador da província de Cabo Delgado, foi requalificada com o financiamento do projecto Mozambique LNG, liderado pela multinacional TotalEnergies.

São quatro salas com carteiras e a parte administrativa devidamente equipada. A escola tem corrente eléctrica com base na energia solar. O investimento é de cerca de 500 mil dólares.

“Tudo o que vamos fazer, queremos fazer juntos. Cada passo que damos, cada obra que fazemos, eu acho que é justo e é necessário que sejam as pessoas de Cabo Delgado, de Palma, de Senga que se beneficiem e tenham trabalho, também”, indicou o director-geral da TotalEnergies, Maxime Rabilloud.

Com o regresso da população às zonas de origem, depois de deslocadas pelos ataques terroristas, o governador da província de Cabo Delgado destacou a importância da infra-estrutura escolar.

“As obras que aqui foram erguidas vão aliviar a fadiga de muitas das nossas crianças que o distrito de Palma tem, num total de 18 892 alunos, onde destes 8692 são raparigas”, sublinhou Valige Tauabo, governador da província de Cabo Delgado.

Os habitantes da aldeia da Maganja, ainda no distrito de Palma, já andam com os pés bem assentes sobre um passadiço, mas nem sempre foi assim. “Para fazer a travessia, tinha que ser de barco ou tirar a roupa para poder mergulhar”, descreveu Faizal Momade, residente da Maganja, Cabo Delgado.

E nem é passar por lazer. A população da Maganja tem na pesca a sua fonte de sustento e este é o único caminho que as leva ao mar.

“Estamos felizes com o passadiço e vamos fazer a travessia sem medo de sermos atacados por crocodilos. Nos dias de chuva, atravessávamos mesmo com a água perto do pescoço”, afirmou Zenabu Momade, também residente de Maganja.

Também inaugurado esta terça-feira, a construção do passadiço foi financiado pelo projecto LNG, no valor de 300 mil dólares.

Com uma extensão de mais de 100 metros, a vida útil da infra-estrutura é de mais de 15 anos. E em dias de muito calor, a descida para um banho refrescante também está facilitada.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos