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Mais de 2 milhões de crianças em idade escolar estão fora da escola, diz Nyusi

O Presidente da República, Filipe Nyusi, orientou, hoje, a abertura do ano lectivo 2022 e inaugurou uma escola secundária baptizada com o seu nome. Na ocasião, Nyusi revelou que 2.4 milhões de crianças em idade escolar estão fora do sistema de ensino.

As ruas da localidade de Chinonanquila, distrito de Boane, província de Maputo estavam pintadas de bandeirolas e as populações daquela zona lançavam olhares curiosos a várias viaturas protocolares que por ali passavam.

Era dia de abertura do ano lectivo, mas com festa a dobrar, pois é naquela localidade que foi erguida a escola secundária que ostenta o nome e a profissão do Presidente da República, Engenheiro Filipe Nyusi.

A população contemplava a infra-estrutura com 48 salas de aula, um auditório com capacidade para 500 pessoas, dois blocos administrativos, uma biblioteca, sala de informática, oito sanitários entre vários outros compartimentos.

O Presidente da República chegou na sua viatura protocolar e foi recebido pelos membros do governo da província de Maputo. Primeiro, recebeu explicações obre o projecto lançado em 2018. Seguidamente, Nyusi cortou a fita e descerrou a placa, marcando assim, a inauguração da escola, no dia de abertura oficial do ano lectivo de 2022 corrente.

Cortada a fita e descerrada a placa, o Chefe de Estado visitou as salas e em cada canto da escola, interagiu com alunos e professores para além de expositores de produtos agrícolas que a província de Maputo produz.

Posto isto, Nyusi dirigiu-se ao auditório que já o aguardava e, no seu discurso, fez saber que 2.4 milhões de crianças em idade escolar estão fora da escola.

“Dados mais recentes indicam que temos 2.4 milhões de crianças que não estão a estudar e cerca de 40% da nossa população não pode beneficiar da vantagem de saber ler escrever”, revelou o Presidente da República.

O Presidente da República não avança os motivos pelos quais os petizes estão fora da escola nem as zonas com maior número, mas sublinha a necessidade de envolvimento de todos para a retenção das crianças na escola.

“O abandono e o insucesso escolar, em particular da rapariga, de alunos com necessidades educativas especiais, além de limitar o gozo dos direitos dos afectados, é um grande desperdício do capital humano. Quando abandonam sozinhos é auto discriminação. Quando nós influenciamos que abandonem, estamos a excluir alguém da sociedade. Todos devemos promover a educação inclusiva, prestando maior atenção aos alunos com necessidades educativas especiais e com deficiência”, apelou o Chefe de Estado.

Para os que estão na escola, Nyusi avançou com uma série de medidas a serem tomadas este ano, e que poderão culminar com a melhoria da qualidade de educação.

“Prevemos um efectivo escolar na ordem de 8.460.275 contra 8.359.921 ao nível da educação geral e vamos contratar 6.565 professores com formação psicopedagógica, dos quais 5.931 para o ensino primário e 634 para o ensino secundário. Com estas contratações, poderemos melhorar o rácio aluno-professor e aluno-turma. A maioria dos professores a contratar irá leccionar nas províncias com maior número do rácio aluno-professor, nomeadamente, Nampula (1025) e Zambézia (972), onde o rácio chega a atingir 83 e 74 professores, respectivamente”, detalhou Filipe Nyusi.

Sobre a nova escola secundária, o Presidente da República apela à conservação do empreendimento como forma de valorizar o esforço de quem financiou a sua construção.

“Não pensem que Mozal tem rio de dinheiro. Cortou algumas despesas para investir no futuro do país, na criança. Não pensem que é só esta população que gostaria de ter esta escola. Na província de Sofala, há muitas escolas destruídas pelos ciclones e as crianças de lá também gostariam de ter uma escola como esta, ou pelo menos a metade, mas vocês têm”, exemplificou Nyusi.

Depois do apelo, o Presidente da República deixou uma mensagem clara.

“Vocês têm uma grande responsabilidade. Não sei como, mas quando a vossa ministra veio sugerir-me que ficasse o meu nome, fiz-lhe muitas perguntas e tive que vir inúmeras vezes porque eu não gostaria de ver meu nome numa escola rebentada ou vandalizada. Não me vai fazer bem. Por isso eu disse ao director que, inclusive lhe ofereci um livro de manutenção da infra-estrutura escolar, que a escola tem que ser moderna. Vi matope, mas me disseram que Mozal ainda está a contemplar fazer valas para drenar e orientar as águas”, advertiu o Chefe do Estado.

A Escola Secundária Engenheiro Filipe Jacinto Nyusi custou 133 milhões de meticais financiados pela Mozal.

“Nesta perpectiva, desde a sua criação a Mozal esteve envolvida em projectos de educação, tendo construído de raiz cinco escolas e um total de 15 intervencionadas. Também temos vindo a fazer investimentos na formação técnica, através da atribuição de bolsas de estudo a nível técnico profissional, superior e estágios na empresa”, acrescentou Samuel Samo Gudo, em representação da Mozal.

O estabelecimento de ensino tem capacidade para perto de cinco mil alunos da oitava a décima segunda classe.

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