O ministro dos Transportes e Comunicações quer aumento do volume de carga transportado pelo sistema ferroviário para mais 60 por cento do total da carga mineira movimentada no Porto de Maputo. Mateus Magala desafia os CFM e a MPDC a alcançarem a meta em três anos.
O Porto de Maputo realizou, esta quinta-feira, a sua oitava conferência. O evento contou com a presença de diversos actores do ramo portuário. Durante o discurso de abertura, o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, destacou a necessidade de melhorar a integração ferroportuária na referida terminal.
“Gostaria de dizer que um dos desafios fundamentais que enfrentamos é a integração ferroportuária. Melhorar o rácio entre o que vai na rodovia e o que vai na ferrovia é a nossa aposta. É apostar no aumento da eficiência do corredor, mas também é contribuir para a redução dos impactos ambientais e aumentar a sustentabilidade das nossas operações de sistemas de logística mais verdes”, avançou Magala.
Mateus Magala quer o volume de carga transportado pelo sistema ferroviário acima dos 60 por cento do total da carga mineira manuseada no Porto de Maputo. Neste sentido, o Executivo encorajou os principais actores da actividade, nomeadamente a Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC, sigla em inglês) e os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) a envidarem esforços contínuos para melhorar esta integração.
“Nós temos de inverter este cenário. E daí é que desafiamos todos os intervenientes na cadeia logística do corredor do Maputo e, em especial, a empresa Portos e Caminhos de Ferro e a MPDC para que alcancem, nos próximos três anos, essa viragem, essa mudança que nós queremos”, reiterou Mateus Magala.
A empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) mostrou-se aberta ao desafio, destacando a sua capacidade para inverter os números em vantagem da componente ferroviária sobre a rodoviária.
“Sua Excelência, o ministro de Transportes e Comunicações, lançou aqui um desafio que já havia lançado, há umas semanas, no nosso Conselho de Diretores, que de facto a pirâmide está invertida e é importante que este rácio se inverta de 60% a 40% para a ferroviária. Portanto, trabalhamos muito e acredito que a capacidade está lá”, realçou Aboobakar Mussá, em representação dos CFM.
Já o director-executivo da MPDC diz que há melhorias na eficiência dos CFM, facto que sustenta a ideia de desenvolver e implementar soluções de primeira classe para alcançar os números propostos pelo Ministério dos Transportes e Comunicações.
“Agora, o Governo tomou a decisão de prolongar esta concessão, e nós não vimos este prolongamento como um elogio, é um desafio, e nós aceitamos o desafio, aceitamos a aposta. Estamos definitivamente dispostos e ansiosos por enfrentar este desafio”, afirmou Osório Lucas, director-executivo da MPDC.
Osório Lucas foi quadro dos CFM e tem experiência na matéria. Entretanto, agora, como expoente máximo da empresa que gere o Porto de Maputo afirma que os esforços para melhorar o índice de uso do transporte ferroviário para movimentação de minérios no referido complexo portuário devem ser constantemente modernizados e passam por comprar locomotivas ou vagões para a actividade.
“Se não tivermos uma abordagem centrada no cliente, estamos a gastar dinheiro e não estamos a investir. Por isso, é importante perguntar porque é que um único camião chega a Maputo e não um comboio. As pessoas usariam o camião se o camião fosse mais barato ou menos eficiente”, sustentou Lucas.
“Se não estão a pedir, obrigado, mas suspeito que estão. Nessa linha, também temos de ter ou devemos ter uma visão comercial integrada para que, um dia, os CFM, a MPDC, o camião possam ir para o mercado e oferecer um produto e não um porto ou uma linha férrea ou uma estrada”, acrescentou Osório Lucas.
O ministro dos Transportes e Comunicações avançou que a construção da ponte-cais de Kanyaka é para breve. Magala revelou, ainda, que a avaliação de propostas já foi concluída.
“Vamos, brevemente, anunciar o vencedor e, com este anúncio, esperamos que as obras comecem no último trimestre deste ano. Portanto, que vejamos mais uma actividade impactante e o nosso desafio à MPDC e aos parceiros é que, no fim de 2025, tenhamos a ponte já erguida e em pleno funcionamento, e a oferecer os benefícios a todos nós. Os volumes vão aumentar, e é importante capitalizar este facto”, acrescentou o ministro.
Dados da MPDC apontam que, em 2011, o Porto de Maputo manuseava 10,5 milhões de toneladas, e volvidos 12 anos, em 2023, triplicou a quantidade para 31 milhões de toneladas.
Dos 31,2 milhões de toneladas movimentadas, cerca de 25 milhões foram constituídas por minérios diversos, nomeadamente crómio, ferrocrómio, magnetite, carvão, minério de fosfato, vanádio, titânio, cobre, vermiculite, entre outros.