Moçambique, apesar de não ser um significativo emissor de gases de efeito estufa, demonstrou, na Cimeira Africana sobre o Clima, o seu vasto potencial para liderar a transição energética de baixo carbono na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Esta visão foi partilhada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, durante um diálogo de alto nível entre líderes africanos e representantes da União Europeia e dos Emirados Árabes Unidos, conhecido como “Policy Breakfast Africa EU Energy”.
O evento ocorreu no âmbito da Cimeira Africana sobre o Clima, que decorreu de 4 a 6 de Setembro em Nairobi, capital do Quénia. Nestes diálogos sobre a transição energética, o Ministro Magala destacou os esforços do país para explorar as oportunidades proporcionadas por esta transição e o desenvolvimento de baixo carbono. Neste contexto, está em curso o desenvolvimento da Estratégia e Roteiro de Transição Energética Justa para Moçambique, sob coordenação do Ministério dos Recursos Minerais e Energia.
Um comunicado de imprensa do Ministério dos Transportes e Comunicações, Magala sublinhou o potencial de Moçambique para contribuir para a transição energética através de projectos estruturantes, incluindo o Projecto Hidroelétrico de 1500 MW de Mphanda Nkuwa e os projectos de exploração de Gás Natural Liquefeito na Bacia do Rovuma, entre outros.
Durante a Cimeira do Clima, o Ministro também se reuniu com Samir Suleimanov, Director de Financiamento Climático da COP 28, para discutir oportunidades de investimento na industrialização verde em Moçambique, no âmbito da transição energética. Foi realçado o potencial hídrico do país e a sua possível contribuição para o processo de industrialização verde.
Samir Suleimanov mencionou que, na COP 28 em Dubai, os Emirados Árabes Unidos anunciaram um compromisso de 4,5 mil milhões de dólares para apoiar projectos de energia limpa em África, com enfoque em países africanos com estratégias de transição claras, regulamentação robusta e planos directores para o desenvolvimento de infra-estruturas de rede, encontrando-se Moçambique na lista de possíveis países que serão escolhidos para se beneficiarem de uma alocação desse pacote de financiamento.
O Ministro participou ainda no lançamento do Plano de Acção Africano sobre Aviso Prévio para Todos, uma iniciativa lançada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Eng. António Guterres, na COP-27, no Egipto. Durante a sua estadia em Nairobi, Magala testemunhou a assinatura de um acordo de parceria estratégica entre o Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique e a Meteo France Internacional, visando a mobilização conjunta de fundos para a expansão e modernização dos processos meteorológicos do Instituto Nacional de Meteorologia, em toda a sua cadeia de valor de aviso prévio.
A assinatura deste acordo foi igualmente testemunhada pela Ministra de Estado Francês para o Desenvolvimento, Francofonia e Cooperação Internacional, Chrysoula Zacharopoulou. Moçambique foi seleccionado como um dos 30 países iniciais a beneficiar-se do financiamento das Nações Unidas para a implementação da iniciativa “Aviso Prévio para Todos”, com uma meta até 2027.