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Mafanela: a senhora dos cinco “anéis” em África

Foto: FIBA-África

Arranca, amanhã, no pavilhão da Universidade Eduardo Mondlane, a Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos. Na prova, vão desfilar alguns dos destaques do basquetebol continental, sendo de destacar, neste artigo, Odélia Eusébio Mafanela pelos cinco títulos conquistados na prova. É a basquetebolista moçambicana com mais troféus no “africano” de clubes.

Conquistar cinco títulos africanos de clubes nem uma miragem era para Odélia Eusébio Mafanela quando, há uma década, desembarcou em Maputo, ida da Beira. A vontade férrea de triunfar no desporto de acertar com uma bola no cesto, no entanto, sempre esteve patente na estóica atleta. Falhou, por pouco, no dia 9 de Dezembro de 2006, e estamos a falar de outra prova, a conquista do Campeonato Africano de Basquetebol da categoria sub-20. Moçambique perdeu na final com o Mali de Hamechetou Maiga, por 47-49. O que era dela estava guardado. O frémito de emoção de se sagrar campeã africana estava por vir. 28 de Outubro de 2007.  Descontinuado Pavilhão do Maxaquene. Final da Taça dos Clubes Africanos de Basquetebol em seniores femininos. Desportivo Maputo vs Interclube. Nasir “Nelito” Salé vs Aníbal Morreira. Gigante, Salimata Diatta (MVP da prova) liderou o Desportivo Maputo ao primeiro de dois “anéis” no basquetebol africano com vitória sobre o D’Agosto por 64-47. Era o primeiro de cinco títulos de Odélia Eusébio Mafanela na prova. Para tanto júbilo, pesou também a contribuição do seguinte naipe de atletas: Anabela Adriano Cossa, Anta Sy (excelente defensora senegalesa), Cátia Halar, Diara Dessai, Nádia Navessa Rodrigues, Valerdina  “Dina” Manhonga. O conjunto de Nelito  contava também com as pouco utilizadas Crichúlia Monjane, Josefina Jafar, Luísa Nhate e Sílvia Neves.

Um ano e um mês depois, ou seja, a 29 de Novembro de 2008, Nairobi, Quénia, voltou a testemunhar a consagração do Desportivo Maputo como campeão africano de clubes. E Odélia Eusébio Mafanela, pois claro, fez parte do “12” escolhido por Nasir “Salé” para uma empreitada na qual as “alvi-negras”, para não variar, travaram o D’Agosto de Angola com vitória por sete pontos: 70-63. Com um duplo-duplo (27 pontos e 15 ressaltos), a poste americana Yolanda Jones esteve em evidência na final disputada no Nyayo National Stadium Gymnasium. Sempre com requintes de craque, Deolinda Carmem Ngulela espalhou o perfume do seu basquetebol sendo considerada jogadora mais valiosa (MVP) da prova.

À época, Nasir “Nelito” Salé tinha uma equipa constituída por Anabela Adriano Cossa, Diarra Dessai, Yolanda Jones, Deolinda Ngulela, Sokhna Sy (senegalesa), Tânia Wachene, Aleia Rachide, Leia “Tanucha” Dongue, Filomena Chefe Micato e Cátia Halar.
Em 2009, Odélia Eusébio Mafanela e o Desportivo Maputo bem tentaram a conquista do “tri”, mas esbarraram no terceiro lugar após vitória sobre o D’Agosto, por 57-50. Nas meias-finais, o Desportivo Maputo caiu aos pés do Abidjan BC, com quem perdeu por 60-49.

No ano seguinte, em Bizerte, na Tunísia, Odélia Eusébio Mafanela e o Desportivo Maputo consolaram-se com o segundo lugar, depois da derrota na final com o D’Agosto por 77-63.

Moçambique, curiosamente, não se fez representar na prova disputada em 2011, em Lagos, na Nigéria.

Mas o país voltou em grande, em 2012, em Abidjan, na Costa do Marfim. Imitando a Académica, que conquistara o título de campeã africana em 2000, em Abidjan, Costa do Marfim, a extinta Liga Desportiva de Maputo campeou com vitória sobre o Interclube de Angola, por 53-43.

Destaque, na equipa da Liga Desportiva de Maputo, para Clarisse Eulália Machanguana, única atleta moçambicana que já evoluiu na WNBA. Machanguana chegou, viu e venceu não só a prova como também o título individual de jogadora mais valiosa (MVP). O Desportivo Maputo contou ainda com Anabela Cossa, Aya Traore, Cátia Halar, Clarisse Machanguana, Deolinda Ngulela, Filomena Chefe Micato, Ingvild “Inga” Mucauro, Jazz Covington, Leia “Tanucha” Dongue, Odélia Eusébio Mafanela, Rute Muianga, Valerdina “Dina” Manhonga.

Uma vez mais, Moçambique voltou a não disputar o campeonato africano de clubes em 2013, em Meknes, Moroccos, e 2014, em Sfax, na Tunísia.

Em 2015, Odélia Eusébio Mafanela voltou a disputar a prova ao serviço do Ferroviário de Maputo e ficou em 3º lugar em Luanda, Angola. No jogo de atribuição do 3º lugar, as “locomotivas” venceram o First Bank da Nigéria por 71-54.

O Ferroviário de Maputo apostou, em 2016, todas as fixas para conquistar a Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos. As “locomotivas” chegaram à final, certo, mas perderam com o Interclube superiormente conduzido pela americana Sequoia Antrice Holmes (MVP da prova) e Italee Lucas com 26 pontos e cinco assistências na final.

Não desistiu. Ano seguinte, em Luanda, Angola, votou a falhar a conquista do título. O carrasco foi o 1º de Agosto, adversário que bateu na final o Ferroviário de Maputo por 65-51.

Naquela que foi reedição da final de 2016 com o Interclube, o Ferroviário de Maputo “vingou-se” e conquistou em 2018 o seu primeiro título ao vencer as angolanas, por 59-56. Feitas as contas, Odélia Eusébio Mafanela aumentava para quatro o número de títulos africanos de clubes.

Veio o ano de 2019, veio o estabelecimento do recorde de cinco títulos conquistados por Odélia Eusébio Mafanela. Quem foi, afinal, a vítima na final? Nada mais nada menos que Interclube, que perdeu por 91-90 numa final disputada até o limite.

No decisivo jogo, Mafanela contabilizou 22 pontos e sete ressaltos (quatro ofensivos e três defensivos) e embalou para mais um título. Individualmente, saiu do Cairo, Egipto, com o troféu de melhor ressaltadora. Foi ainda indicada para o cinco ideal da competição juntamente com a compatriota Ingvild Mucauro, Astou Traore, Kelsey Mitchell e Shawnta Dyer.

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