O capitão-tenente na reserva, Abdul Machava, diz que a libertação de pescadores pelos terroristas, em Cabo Delgado, pode ser a abertura de uma porta de negociações com o governo para acabar com o fenómeno.
O capitão-tenente na reserva, Abdul Machava, participou no programa Noite Informativa ,desta quinta-feira, onde reagiu aos casos de sequestros de pescadores, por supostos terroristas, em Cabo Delgado.
Abdul Machava defendeu que há muito que se deve esclarecer em relação aos sequestros e, logo a seguir, à libertação.
Segundo Machava, “é preciso saber como é que os insurgentes conseguiram abordar essas pessoas. Quais são os meios que usaram para abordar essas pessoas? Suponho que uma embarcação de pesca transporte entre quatro a cinco pessoas no máximo. Para conseguir cerca de 50 pessoas, significa que tinha de capturar no máximo 10 a 15 embarcações. Qual é a dimensão da força aplicada para fazer o sequestro”, explicou Abdul Machava.
E porque a libertação dos pescadores aconteceu a pedido de seus familiares, no entender do capitão-tenente na reserva, pode estar aberta mais uma porta de negociações entre o grupo terrorista e o Governo para acabar com o fenómeno.
“Há novos conselheiros que estão a abrir um caminho que provavelmente, vai ter que culminar com alguma negociação. É possível negociar para que este conflito termine. Eu espero que o Presidente da República, antes de terminar o seu mandato, faça alguma coisa e aproveite para introduzir outros elementos para que a paz volte às populações de Cabo Delgado”.
Entretanto, Abdul Machava alerta que pode haver um grupo que se está a aproveitar do terrorismo em Cabo Delgado.
“Neste momento em que a insurgência chegou, há outros actores que estão se aproveitando para a disseminação da sua informação. Há outros actores dentro do jogo porque desde o princípio, não tínhamos esse modus operandi como identidade deste grupo de insurgentes”.