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Má alimentação, imundície e maus-tratos no Instituto Agrário de Boane

Foto: O País

Estudantes do Instituto Agrário de Boane, na Província de Maputo, que se encontram em regime de internato, denunciam má qualidade de alimentação, falta de água potável e maus-tratos. Os instruendos acusam a direcção do instituto de nada fazer para reverter a situação.

Fotografias cedidas ao “O País” por um dos estudantes do Instituto Agrário de Boane ilustram feijão com “chima”, um prato destinado ao almoço. Entretanto, curiosamente, no mesmo prato, há vermes.

Ademais, num vídeo alegadamente gravado num dos depósitos de água desta instituição de ensino técnico-profissional, pode-se ver água imprópria para o consumo.

Falando em anonimato, por temer represálias, um estudante diz que “a água é suja; temos que a beber ou comprar a nossa própria.

No que toca à refeição, o mesmo estudante afirmou que “é repetida e mal feita; a “chima” não coze; o feijão tem tido vermes, gorgulhos, baratas e algumas asas, não sabemos de quê. Quanto à alimentação e ao saneamento, eu acho que a direcção do internato tem conhecimento, porque presenciam (os dirigentes) o momento do almoço e o do jantar. A comida não é adequada, e isso vem acontecendo há anos”.

O ambiente verde e limpo que se tem, à entrada do instituto, é um autêntico contraste com o que, alegadamente, os estudantes vivem no internato.

“As casas de banho não estão em condições; não temos saneamento. A água que usamos é suja, até parece que é para gado”, deplorou o caloiro que frequenta um dos cursos ministrados naquela instituição.

Mais do que isso, a convivência diária entre os estudantes caloiros e os antigos não é tida como saudável, segundo revelações de um outro estudante. “Eles não nos deixam dormir, interrompem o nosso sono. Uma vez, dispensaram-nos às 22 horas e acordaram-nos à uma hora da madrugada, e mandaram-nos para o poço, onde fomos tirar água para tomar banho”, disse o estudante que assumiu que ainda não informou os responsáveis do instituto sobre os maus-tratos que sofre dos colegas.

Depois de colhidas as denúncias, a equipa do “O País” deslocou-se para a direcção do instituto, a fim de obter esclarecimentos. Entretanto, não teve sucesso, uma vez que, segundo a funcionária da secretaria daquela instituição, o director e outra responsável estavam ausentes.

Contudo, saiba-se que a funcionária deu esta informação depois de ter entrado e saído do gabinete do director, onde, supostamente, recebeu orientações para saber quem são as pessoas que pretendiam falar com o director e sobre que assunto.

A reportagem do “O País” tentou entrar em contacto com a directora dos serviços sociais da Província de Maputo, Célia Zandamela, que responde pela pasta do ensino técnico-profissional, mas esta não atendeu à chamada nem respondeu à mensagem de texto enviada para o seu telefone até ao fecho desta reportagem.

Perante esta situação, os estudantes daquele instituto pedem a intervenção de outras instituições relevantes.

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