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Luís Lopes: “Não podemos preparar a BAL com provas do calibre do Torneio de Abertura”

Foto: O País

O treinador do Ferroviário da Beira,  Luis Lopes Hernandez, diz que a falta de competições internas poderá condicionar a sua equipa na Conferência Nilo da 3.ª edição da Basketball Africa League  (BAL), prova a realizar-se de 26 de Abril a 5 de Maio, no Egipto. Os campeões nacionais de basquetebol sénior masculino fizeram os últimos jogos a valer em Novembro de 2022, período em que revalidaram com categoria o título na Liga Moçambicana de Basquetebol Mozal.

Nova temporada da Basketball Africa League  (BAL), velhos problemas a emergirem no Ferroviário da Beira: falta de um quadro competitivo interno forte e sério para disputar uma competição de grande dimensão e prestígio.

Sem um jogo a sério desde Novembro de 2022, altura em que se disputou a Liga Moçambicana de Basquetebol Mozal, o campeão nacional vai ao “Hassan Mostafa Indoor Sports Complex”, palco dos jogos da BAL, testar-se diante do Petro de Luanda de Angola, conjunto que está disputar os “play-offs” da final da final da “Unitel Basket” com 1º de Agosto; Cape Town Tigers, campeão sul-africano que recentemente fez uma série de jogos de controlo incluindo com o Costa do Sol; City Oielers, do Uganda, e SLAC da Guiné Conacri.

A malapata que ninguém que compete ao mais alto nível quer. Mas, internamente, continua difícil traçar o melhor caminho para se atingir grandes patamares no basquetebol continental e colocar-se entre os mais destacados nesta prova organizada conjuntamente pela FIBA em parceria com a NBA e com encaixe de valores monetários em jogo. O Ferroviário da Beira pode ser, uma vez mais, pagar caro pela falta de jogos não só para enquadrar os seus reforços estrangeiros como também para aferir o nível competitivo do conjunto e ensaiar as suas dinâmicas de jogo.

“Nós fizemos o último jogo competitivo em Novembro e até agora não voltamos a jogar. Começou o Torneio de Abertura aqui mas o nível competitivo, na Beira, não é dos melhores. Já fizemos três jogos e os resultados foram acima de 80 pontos de diferença. Vamos tentado dar minutos dentro da nossa realidade. Não podemos preparar uma competição como a BAL com jogos deste calibre”, começou por lamentar o “coach” espanhol.

Mas não é só a falta de ritmo competitivo que tira sono a Luís Lopes Hernandez. As condições do pavilhão do Ferroviário da Beira, que sofreu estragos enormes com a passagem do ciclone IDAI, estão muito longe de ser das melhores. A agravar a situação, a iluminação limita o trabalho de preparação do conjunto que não perdeu nenhum jogo na última edição da Liga Moçambicana de Basquetebol.

“Temos também algum inconveniente porque parece que, no dia 4 de Março, roubaram o cabo de iluminação. Estamos a treinar de tarde e de noite com problemas de iluminação. Há uma parte do campo que não conseguimos ver bem. Infelizmente, o melhor meio para preparar, o campo de jogos, não está em condições.”.

É dentro destas limitações que o Ferroviário da Beira vai procurar, já no dia 26 de Abril, contrariar o Al Alhy do Egipto, primeiro adversário na Conferência Nilo. Seguem-se o Petro de Luanda, três dias depois, e o SLAC da Guiné Conacri no último dia do quarto mês do ano de 2023.

Depois, a equipa moçambicana bate-se com o Cape Town Tigers, no dia 3 de Maio, e City Oielers, do Uganda, no fecho desta fase no dia 5.

“Temos muita ilusão e queremos dar o nosso melhor. Vamos dar o nosso melhor. Vamos lá ver se teremos um pouco de sorte porque os nossos rivais estão a jogar os play-offs nos seus campeonatos. Em Luanda, Petro de 1º de Agosto estão a disputar a final. A equipa do Egipto está também a competir. Vamos lá ver se nós conseguimos ser competitivos. É preciso um bocado de sorte, mas vamos ver porque é muito complicado desta forma. Esta é a melhor competição de África. E, se não prepararmos bem, não teremos oportunidades”, observou Hernandez.

 

ISMAEL NURMAMAD JÁ TRABALHA COM O GRUPO

Clinicamente “ok”, Ismael “Timo” Nurmamad saiu do boletim de “ocorrências” e preocupações e é uma das grandes apostas de Luis Lopez Hernandez para a Basketball Africa League  (BAL).

O extremo, aclamado MVP (jogador mais valioso da Liga Moçambicana de Basquetebol Mozal de 2017),  lesionou-se ao serviço da selecção nacional de basquetebol sénior masculino durante as eliminatórias da zona VI para o “Afrocan”, no Zimbabwe.

“Ismael Nurmamad começou a treinar esta semana. Voltou da selecção há um mês e meio, estava lesionado. Infelizmente, tivemos este contratempo e problema. Mas, como dizia, esta semana já começou a treinar e parece que está bem. Vamos lá ver se ele consegue ritmo ao início do campeonato.”, clarificou.

Para esta empreitada, no Cairo, Egipto, a equipa moçambicana vai contar com os préstimos de quatro reforços estrangeiros, nomeadamente William Perry (americano integrado na equipa desde 2021), Makhtar Gueye (senegalês), Bourama Sidibe (maliano) e Najeal Young (americano).

“Estamos a tentar enquadrá-los da melhor forma possível porque, na nossa realidade, não temos jogos. Estamos felizes com os nossos reforços porque não são jogadores conhecidos mas, pelo orçamento que temos, são jogadores com nível. Não podemos assinar contratos com jogadores vão para o Petro de Luanda ou Al Alhy do Egipto, por exemplo. Fomos buscar jogadores com fome de ganhar, jogadores com vontade de fazer nome.”.

O Petro de Luanda, adversário do Ferroviário da Beira na 2.ª jornada da Conferência Nilo, contratou Ater Majok, basquetebolista sudanês de 35 anos e 2.11 metros.  Na edição passada da BAL, Majoc representou o US Monastir da Tunísia, tendo arrancado exibições monstruosas.   O extremo foi um dos seleccionados pelos Los Angeles Lakers no Draft da NBA, em 2011.

A propósito, Luis Lopez Hernandez diz: “É mais difícil porque equipas como Petro de Luanda contratam jogadores com nome e que foram mais valiosos da Liga Africana de Basquetebol. Eles estão a pagar muito dinheiro. O valor de um estrangeiro, nas outras equipas, é quatro vezes mais que um atleta nosso. Eles estão num outro nível. Nós temos que trabalhar e tentar ter sorte também. São equipas com outro orçamento.”

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