O autor de Nós Matámos o Cão-Tinhoso, Luís Bernardo Honwana, conversou, na manhã desta quarta-feira, na Universidade Licungo, Cidade da Beira, com docentes e estudantes de diferentes cursos.
No dia inaugural da Feira do Livro da Beira (FLIB-2024), organizada pela Associação Kulemba, a qual decorre estre esta quinta-feira e próximo sábado, na cidade da Beira, Luís Bernardo Honwana referiu-se a vários temas que mexem com a actualidade e o passado do país. Nessa ocasião, falou da falta de devalorização das línguas bantu em Moçambique, defendendo que há ainda uma grande discrepância entre o que se diz e o que se pratica.
Ainda assim, o autor afirma que, mesmo depois de 50 anos de independência, não se pode afirmar que a língua portuguesa ocupou um espaço privilegiado no país, uma vez que exclui muitos moçambicanos em diversas áreas das suas vidas. Citou, a título de exemplo, o processo da construção da paz e da democracia e, também, o processo de ensino e aprendizagem. No primeiro caso, o autor defende que só se envolvem ou sentem-se envolvidos os que têm domínio da língua portuguesa, colocando, desta maneira, os outros como meros assistentes.
No segundo caso, o Luís Bernardo Honwana defendeu que, apesar de estar em andamento o programa bilingue de ensino, em algumas regiões, dá-se privilégio ao português.
Para Luís Bernardo Honwana, as línguas bantu continuam a representar a identidade dos moçambicanos em diversos contextos.
No final, o escritor desafiou os estudantes a pensarem soluções para os problemas do país e a não serem somente assistentes. Com isso, disse que os trabalhos de conclusão de curso devem ser pensados com o objectivo de resolver os desafios que Moçambique enfrenta.
Nesta terça-feira, Luís Bernardo Honwana também teve um encontro com os estudantes do Instituto de Formação de Professores de Inhamízua, onde afirmou que qualquer país que queira ser grande deve apostar na formação de quadros com capacidade de ser e estar perante as várias adversidades.
A quarta edição da Feira do Livro da Beira (FLIB-2024) subordina-se ao tema “Encontro entre Literatura, Direito e Religião” e tem como convidado especial o escritor Luís Bernardo Honwana.