Lucílio Manjate soma mais uma obra literária. Intitulada Geração XXI – notas sobre a nova geração de escritores moçambicanos, o livro com 152 páginas será lançado numa cerimónia a realizar-se próxima segunda-feira, no Anfiteatro 1502 da Faculdade de Letras e Ciências Sociais localizada no Campus Principal da Universidade Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo.
O nono livro de Lucílio Manjate, há dois anos distinguido com Prémio Literário Eduardo Costley-White, em Portugal, é constituído por intervenções que o escritor, professor de literatura e crítico literário decidiu reunir sobre os novos autores moçambicanos. As intervenções em causa foram apresentadas em contextos diferentes: nos jornais, revistas e em alguns encontros de literatura, dentro e fora do país.
A preocupação de Manjate por novos poetas e escritores remonta ao ano de 2007, altura em que se apercebeu de que os novos autores não eram lidos no país. De há 11 anos a esta parte, com efeito, o estudioso começou a escrever sobre os menos lidos, mas não excluindo trabalhos de escritores consagrados, como Ungulani Ba Ka Khosa ou Mia Couto. A partir de 2007, Manjate passou a concentrar-se nos nomes que iniciaram a publicar em livro no ano 2000. Mais tarde, no caso em 2017, o crítico, ao notar que possuía um material para livro, deu uma pincelada nos textos e decidiu partilhá-los quer com o leitor comum quer com o leitor especializado na literatura moçambicana e, com isso, apresenta-los às suas inquietações, convicções ou equívocos sobre os novos autores moçambicanos.
Geração XXI – notas sobre a nova geração de escritores moçambicanos é um livro dividido em três partes. A primeira é designa-se “Diálogos”, na qual procura comparar escritores nacionais de diversas gerações; a segunda parte designa-se “Roteiros”, na qual, embora não fugindo muito à ideia da comparação, analisa obras literárias de forma singular; a terceira parte subintitula-se “Outras notas”, em que o autor tenta levantar o véu para o que considera uma novíssima geração de escritores com poetas como Nelson Lineu, Álvaro Taruma e Japone Arijuane. “Aqui apresento notas que têm a ver com outros movimentos e revistas literárias”, e Lucílio Manjate garante: “Tenho outros projectos por lançar, mas como sempre tive este desejo de publicar sobre novos autores, não consegui abraçar esses mesmos projectos sem olhar para estes 10 anos de escrita e publicação sobre os novos escritores”.
CRÍTICA LITERÁRIA E JORNALÍSTICA
Recuperando um velho debate do circuito literário nacional, Manjate tocou na crítica literária: “Diz-se muito que a crítica não se pronuncia e vimos muito disso nos dois colóquios Resiliência, realizados este ano. Eu vou construindo uma outra percepção em relação a esta questão. Há um tipo de crítica que leva o seu tempo, que tem que amadurecer, sobretudo a crítica académica. Leva e precisa desse tempo para ser mais sistematizada. E isso é o que eu procuro fazer. Agora, quanto à crítica jornalística, acho que temos de apontar o dedo a todas instituições voltadas ao jornalismo cultural de modo que as pessoas possam escrever e tenhamos estudos sobre literatura todos os dias nos jornais”. Nesta ordem de ideias, Manjate espera que o seu novo livro possa contribuir para que mais pessoas escrevam sobre a nova geração de escritores que têm publicado com qualidade:
“Precisamos de mais pessoas a escrever sobre literatura nacional. Só assim vamos valorizar o que é nosso e fazer com que quem está fora do país interesse-se por aquilo que é produzido cá. É preciso divulgarmos a nossa literatura”.
Geração XXI é publicado sob a chancela da Alcance Editores e será apresentado por Ilídio Nhamona na cerimónia de lançamento.