O director-executivo da Casa do Agricultor considera que Moçambique não está a tirar vantagem da sua excelente localização geográfica para ser um dos maiores distribuidores de insumos agrícolas da região austral de África. Para conquistar tal posição, Rui Brandão defende a criação de redes de distribuição de insumos.
Foi em torno do tema “Desafios do Mercado de Distribuição de Insumos” que o director executivo da Casa do Agricultor, Rui Brandão, partilhou, durante cerca de 30 minutos, o seu pensamento sobre a partilha de insumos, um dos principais elementos para o desenvolvimento e sucesso agrícola.
Brandão começou por apontar a localização geográfica de Moçambique como um dos factores que tornaria o país, no maior distribuidor de insumos na região austral de África, mas que tal não é devidamente explorado.
“Nós devíamos importar um contentor de tratores, fertilizantes, agro-químicos concentrar aquilo tudo e depois dividir. Um camião de trator para Malawi, o outro para Zimbabwe e também ficar em Moçambique. Esse é, para mim, o principal factor de sucesso que nós não estamos a aproveitar”, indicou Rui Brandão, director-executivo da Casa do Agricultor.
Para aproveitar esse factor, que considera ser de sucesso, o director executivo da Casa do Agricultor defende o desenvolvimento de redes de distribuição de insumos agrícolas.
“Para conquistarmos esta posição, não temos dimensão, não temos escala para competir. Eu estou convencido que, quando chega um navio de 40 mil toneladas de fertilizantes, se calhar ficam três mil em Moçambique. Quem manda é quem tem o poder para comprar os outros 37 mil. Temos que inverter isso”, disse o director-executivo da Casa do Agricultor, num tom de indignação, exemplificando com o jogo de futebol que tem 90 minutos e que “nós ainda não chegámos a primeira parte”.
No contexto doméstico, em que os produtores estão, geograficamente, dispersos e faltam vias de acesso. Rui Brandão defende que a distribuição de insumos deveria ser subsidiada para garantir que estes cheguem aos locais mais recônditos.
“Não me choca que, em determinado momento, havendo uma estratégia de rentabilidade a longo prazo, que essa logística seja subsidiada, não me choca”, sublinhou Rui Brandão, acrescentando que “para já é preciso subsidiar os agricultores numa determinada zona porque as vias de acesso não são boas, mas há um plano para elas melhorarem durante esse período, não me choca. É uma medida, mas eu não sou político”.
A aposta na tecnologia, numa legislação que padronize a qualidade dos insumos e a capacitação dos produtores são alguns dos caminhos propostos pelo director executivo da Casa do Agricultor para que a agricultura no país esteja nos níveis desejados. Contudo, Rui Brandão não descarta os factores naturais que considera serem, igualmente, determinantes para uma boa produção agrícola.