Selma Uamusse apresenta o seu segundo álbum, próximo sábado, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, capital portuguesa. Liwoningo é composto por oito temas e pretende ser apenas isso: esperança.
E fez-se luz. Ao fim de alguns anos de gravação e produção, Selma Uamusse volta a lançar um álbum, o segundo na conta pessoal. Depois de Mati (água), disco de estreia, a cantora moçambicana, desta vez, traz um trabalho para alumiar os corações e os caminhos dos homens. Esse é Liwoningo (do cicopi, luz), um álbum que vem do acumular de várias experiências.
Constituído por oito músicas, entre as quais “Khanimambo”, “Maputo”, “No guns” e “Hoyo-Hoyo, Liwoningo foi produzido para trazer esperança, e com muitas novidades. Por exemplo, a utilização de novos instrumentos na sonoridade das músicas: a guitarra eléctrica, essencialmente, mas também algumas guitarras acústicas, tocadas por Milton Gulli. No seu segundo álbum, Selma canta em xirhonga/ xichangana, cicopi, emakhuwa e português, algo que há já algum tempo as pessoas pediam que acontecesse.
O novo trabalho discográfico da artista moçambicana começou a ser produzido cedo. Antes mesmo de lançar Mati, Selma Uamusse inicia a concepção de Liwoningo. Já em Julho de 2018, a cantora fez uma residência, com a sua banda, para o preparar com o que a artista considera muita intencionalidade. Além das suas próprias composições e de Milton Gulli, o disco conta também com temas compostos por Isabel Novella, Chenw Wa Gune e Deltino Guerreiro. “Este é um álbum cheio de surpresas”, afirma Selma Uamusse, “com algumas músicas introspectivas e outras mais animadas, que acho que transpiram um pouco de alguma maturidade que eu possa ter”.
Liwoningo, que passou por muitas mãos, foi produzido por Guilherme Kastrup. Selma Uamusse apostou no produtor brasileiro porque trabalha bem as camadas de música tradicional, moderna e contemporânea. “Ele vem da escola do jazz de intervenção, mas está muito ligado à música de raiz. Foi muito bom trabalhar com Guilherme Kastrup, até porque ele me fez o desafio de sair das minhas vozes, porque eu vou tendo facilidade de cantar naquilo que são alguns registos”.
Numa apreciação ao seu disco, a artista adianta que Liwoningo é um álbum menos electrónico, mais orgânico e, ao mesmo tempo, com alguns elementos um pouco estranhos. “E a minha voz está de uma forma diferente”.
O privilégio de actuar na Calouste Gulbenkian e a inspiração chope
Quando em 1988 Selma Uamusse chegou a Portugal, a sua primeira residência foi na mesma avenida da Calouste Gulbenkian. Três décadas depois, nem mais, a artista mora num apartamento bem próximo daquela importante instituição do mundo. “Estou muito contente por receber o convite para fazer parte da programação de verão da Gulbenkian, num anfiteatro ao ar livre – que vai estar cheio de muitas condicionantes – as pessoas terão de usar máscara e não poderão estar sentadas ao lado umas ao lado das outras –, mas será muito bom poder fazer a apresentação num lugar tão icónico e tao especial”.
Portanto, a Gulbenkian vai receber a primeira das várias apresentações de Liwoningo, uma espécie de homenagem a uma cultura particular: “a cultura chope tem sido uma grande inspiração na minha maneira de fazer música. Então, ao invés de dar o nome do CD em changana ou em português, preferi Liwoningo, que também é o nome da filha do Cheny e da Xixel. Achei que não seria muito fácil as pessoas dizerem na Europa, mas tem sido muito bem aceite”.
Para Selma Uamusse, luz é tudo o que o mundo está a precisar neste tempo de incertezas, e o disco traduz a sua fé em Deus.
Liwoningo deve chegar às lojas já dia 24. No mesmo dia, será disponibilizado pelas plataformas digitais, através das quais já se podem ouvir “No guns” e “Hoyo-Hoyo”.