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Licínio Azevedo e Gabriel Mondlane realizam série “A natureza dos homens e dos animais”

Semana passada, terminaram as gravações de um novo seriado sobre o quotidiano nas áreas de conservação em Moçambique, de Licínio Azevedo. “A natureza dos homens e dos animais” contém um conjunto de seis episódios de 25 minutos cada um e a série é inspirada na convivência, dinâmica e nos conflitos do quotidiano vivenciados no interior e nos limites das áreas de conservação, envolvendo as comunidades locais e os animais selvagens.

A Ebano Multimedia é a empresa responsável  pela produção, com Licínio Azevedo como Director, co-adjuvado por Gabriel Mondlane e com direcção de fotografia de Jesus Sanjuro. A  direcção  de produção ficou a cargo de Jorge Ferrão.

O seriado foi rodado ao longo de seis semanas e decorreu na Reserva Especial de Maputo, que no filme foi designado por Parque dos Elefantes, e teve nas comunidades de  Madjadjane os actores principais. Os fiscais do parque e os caçadores furtivos fazem parte da cinematografia e estiveram envolvidos ao longo das várias semanas em que a série foi gravada.

A série  é uma espécie de documentário drama, por vezes ficcional,  e retrata o drama de quem tem de conviver com os animais selvagens de grande e pequeno porte, todos os dias, as soluções e alternativas que encontram e ainda o apoio que recebem das forças estacionadas no interior dos parques nacionais.

Moçambique  possui uma diversidade de ecossistemas e, ao longo dos anos, foram criados mais de oito parques nacionais, oito reservas nacionais ou parciais, 12 reservas florestais, duas áreas  de protecção especial. Existem, igualmente, mais de 18 coutadas com gestão pública, privada e comunitária,  onde ocorrem o turismo cibernético. Estes ecossistemas são potencialmente ricos quer em recursos da biodiversidade, como em recursos minerais e até energéticos.

No seu interior residem milhares de agregados familiares que passam por momentos de pura alegria, mas, também de evidente  tristeza e pânico. A população humana e de animais tem aumentado, nos últimos anos, na mesma proporção que os problemas que se registam, muitos deles bem conhecidos, outros, nem por isso. Os maiores conflitos prendem-se ao uso destes recursos e espaços, mas, igualmente, ao entendimento sobre como e quando estes recursos devem ser usados.

As áreas  de conservação são, igualmente, espaços onde a mitologia ganha contornos muito para além  dos normais.  Existem crenças de que muitas das pessoas que morrem no interior ou em regiões próximas, transformam-se em animais e regressam às regiões onde viveram. Eles são animais especiais e o seu abate pode representar tempos difíceis ou ainda a morte de quem os abateu. Os curandeiros ganham espaço nestas áreas quer para ajudar a resolver os problemas de saúde, criando vacinas contra as mordeduras dos animais, igualmente, propinando as convicções e condições que transformam os humanos em seres imunes às feras. Os animais destroem campos agrícolas. Toda esta realidade foi captada no seriado e reflecte uma realidade de todo o país. Esta produção será essencialmente baseada em histórias de vida de famílias que precisam de sobreviver com os escassos recursos disponíveis, porém, respeitam as leis impostas quer pela natureza como pelas autoridades administrativas locais.

Numa época que os oceanos estão em destaque, por um lado devido às mudanças climáticas, por outro  existe  uma considerável parte dos parques nacionais moçambicanas fazendo limites com o Oceano Índico, nesta longa costa de mais de 2700 km. A vegetação dos mangais se revestem de grande importância na estabilização dos ecossistemas marinhos e na própria  sobrevivência das comunidades que dependem dos recursos ali existentes. O seriado captou, igualmente, as realidades diárias destas regiões.

Finalizada a gravação e que contou com o apoio financeiro da USAID-Speed em colaboração com o BioFund e AMOCINE, seguem-se algumas semanas de edição e finalização. O lançamento deste seriado está previsto para a época festiva, finais de Dezembro de 2022, devendo os mesmos passar em canais abertos e fechados.

Com a série existe uma expectativa de que os jovens e estudantes, em particular, entendam melhor a natureza em seu redor e ganharem a consciência sobre a importância de conservação dos ecossistemas e o respeito que a natureza impõe. Na realidade, existe um pequeno grupo de crianças que participaram na gravação mostrando como tem sido arriscado frequentar as escolas estabelecidas no interior dos parques e das reservas.

De acordo com os produtores do seriado a intenção será a de ceder os diretos de transmissão  a  estações  emissoras fora do país, quer no espaço falante de português, como em canais que transmitem em inglês e francês, considerando que os seriado será traduzido nestas línguas.

 

Sinopse 

Numa terra de rara beleza, povoada por animais selvagens, dois grupos de homens com atitudes opostas se confrontam: os que velam pela preservação das riquezas naturais, em benefício de gerações futuras, e os que querem usufruir dessas riquezas no presente, para o seu próprio benefício. De um lado, fiscais da Reserva de Maputo, líderes comunitários conscientes da importância da Reserva, crianças que frequentam escolas e aprendem os segredos da conservação. Do outro, caçadores furtivos, traficantes de marfim, feiticeiros maléficos, comerciantes sem escrúpulos. Além de combater os inimigos da natureza, os defensores da Reserva têm a delicada função de harmonizar as suas acções com os interesses de camponeses das áreas vizinhas e proteger as suas machambas que, por vezes, são devastadas por elefantes.

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