Xi-Cau Cau
Parco em originalidade e como única forma de dar nas vistas, os programas de aniversário das empresas acabam por unir o inútil (exercícios de ocasião ao estilo tira-babalaza) ao agradável (o banquete que invariavelmente acontece).
Lá teremos uma mini-maratona em que antes, invariavelmente, haverá distribuição de camisetes e bonés para serem ostentados pelos filmados trabalhadores e dirigentes; em que os habituais papa-léguas suazis ou sul-africanos irão sair com a “mola”, e por fim… uma feira de saúde. Tudo isto, claro, irá culminar no aguardado jantar de gala, em que a babalaza foi tirada de véspera.
Quem fica a ganhar com estes tipo de programas, que entre nós primam pela “macaquice de imitação”? O desporto do país, posso garantir, que em nada se beneficia. A saúde dos cidadãos – salvo os que praticam regularmente caminhadas e outros exercícios físicos – muito menos. E nem as crianças, apenas lembradas a cada 1 de Junho, usufruem dessas oportunidades para uma olimpíada juvenil que poderia representar para elas, uma “injecção” deste vício saudável que é o desporto.
RETOMAR CORRIDAS TRADICIONAIS
As Léguas 24 de Julho e do Natal; os Torneios das LAM; as grandes festas dos 25 de Junho e de Setembro, mais as datas comemorativas da OMM, OJM e outras, não seriam os momentos ideais para juntar sinergias e realizar provas recreativas e competitivas – até internacionais – fortes, com o apoio das grandes empresas nacionais?
Foi uma prática em Moçambique durante muitas décadas, de onde se projectaram nomes como Repinga, Fausto Archer, Pedro Mulomo e outros. Acontece em muitos países, em que tudo pára para dar lugar à corrida. Competição à frente, recreação atrás.
A nossa realidade trouxe alguns desfasamentos que urge corrigir. Essa dispersão de meios para realizações “por dá cá aquela palha”, de corridinhas, não leva a lado algum. E como se não bastasse, para trás vão ficando as datas-mãe e os momentos épicos desta nossa querida República.
Em Angola há a São Silvestre, em Portugal a Corrida na Ponte sobre o Rio Tejo, há a Maratona de Boston, para referenciar um pouco do que acontece por todo o Mundo. São provas tradicionais, já com carácter obrigatório, para as quais jovens e velhos se preparam.
Estamos a falar de atletismo, mas poderíamos referir modalidades em que a mescla competitiva e recreativa, comemora datas, projecta o país e cria “vícios” salutares, porque regulares, da prática do desporto.