O jornalista Lázaro Mabunda acredita que o Estado faz vista na questão do garimpo ilegal, na região centro e norte do país.
“Neste processo de exploração de recursos há muito dinheiro que é também metido no sistema político para financiar campanhas eleitorais. Eu já fiz um trabalho no centro e norte relacionados e que mostravam isso. A última campanha eleitoral foi financiada por empresas estrangeiras… E estes todos, não estão a financiar de borla”, revelou.
O jornalista que falava no programa Noite Informativa da Stv Notícias, exibido esta segunda-feira (20) deu exemplo da província de Cabo Delgado onde há grupos que exploram a madeira de forma ilegal e pedras preciosas.
“Se vocês forem a analisar, quais são as empresas que estavam envolvidas no contrabando da madeira e pedras preciosas vão perceber e procurem saber de quem são. Estão lá os chineses, mas no meio está um socio moçambicano e quem este?”, questiona ironicamente, acrescentando que o terrorismo nos últimos dias tem sido financiado através dos recursos.
“Fiz um trabalho em 2018 em Nampula e Cabo Delgado que mostrava que há transferências internacionais que são feitas a partir de Maputo, por exemplo para o Sudão, que há moçambicanos no Sudão na Arabia Saudita a estudar e que são financiados por estas transferências por via de meios electrónicos”, explicou Mabunda.
Por seu turno a economista Inocência Mapisse, que também participou do programa entende que a questão do garimpo ilegal deve-se a fragilidade que as instituições do estado moçambicano apresentam no combate do fenómeno.
“…Eu digo que é muito básico, porque qualquer economia sinais de dependência de recursos como é o caso de Moçambique, em que o sector extrativo vem ganhando quando nós olhamos para os indicadores macro-económicos. Qualquer economia nesta situação, tem que reforçar aquele que é o seu controlo na cadeia de valor desses recursos se quiser ter sucesso”, disse.
Por outro lado, Inocência Mapisse acredita na falta de vontade política no combate ao garimpo ilegal.
“O caso da reportagem que a Stv nos trouxe mostra claramente, que as instituições fortes suficientemente para dominar toda cadeia de valor de recursos e isso põe em causa, o sucesso que Moçambique poderia alcançar com a potencialidade que temos. Agora este domínio da cadeia de valor, pode ser visto uma questão de falta de capacidade ou vontade política”, explicou.
Os participantes do “Noite Informativa”, reagiam a reportagem exibida há dias pelos diversos serviços noticiosos da Stv, que mostrava o submundo do garimpo ilegal e consequência da pilhagem de recursos em Moçambique.