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Jovem morre baleado e seu irmão é atropelado pela polícia

Foto: O País

Um jovem de 29 anos de idade morreu, após ser baleado, na última quinta-feira, no bairro das Mahotas, alegadamente, pela polícia, quando se encontrava sentado e em frente à sua casa.

Segundo testemunhas, o jovem de nome Jonas Tembe foi alvejado por dois tiros, um na cintura e outro que entrou pelas costas e saiu pelo pescoço, tendo morrido no local.
“Veio um carro e desceram pessoas armadas, foram até ao Jonas e ele levantou-se e correu, mas foi atingido aqui (na cintura). Continuou a correr, saltou o muro, mas foi alvejado nas costas e a bala saiu pelo pescoço e ele caiu naquela casa”, contou, Sónia Sitoe, a mãe da vítima.

Conforme explicou Sónia, a polícia, que estava à paisana, não deu nenhuma explicação sobre os motivos, o que gerou revolta popular, e houve necessidade da intervenção de mais agentes, mas desta vez, fardados.

“Chegaram aqui, os colegas, num Mahindra e, vinham tirar eles, daqui, mas não deixamos, exigimos que tirassem o corpo e que os outros ficassem até explicarem porque mataram meu filho, só que eles entraram no carro a força e saíram em alta velocidade e atropelaram o meu outro filho”, relatou a Sónia.

Seu filho atropelado é Jaime Tembe, que parou em frente ao carro para impedir que os agentes fossem embora. Ele teve ferimentos nas costas e nas pernas. Agora, locomove-se com dificuldades e fala de dores no peito, que dificultam a sua respiração.

A família agora pede justiça e diz que, por várias vezes, foi à polícia, mas nenhuma resposta em concreto teve. Jonas será enterrado esta quarta-feira.

Enquanto nas Mahotas acontecia isto, no bairro da Maxaquene, Avenida Milagre Mabote, Bruno, nome fictício, foi alvejado por cinco balas, nas pernas e na nádega. Contou ao “O País” que, durante a manifestação, houve um desentendimento com a polícia, tendo ele e algumas pessoas se refugiado no interior de um quintal, naquele bairro.

“A polícia entrou lá, lançou gás lacrimogêneo e começou a disparar, foram vários tiros, eu senti as balas perfuraram o meu corpo, pensei que não fosse sobreviver. Mas depois pedimos ajuda aos militares, que levaram-nos ao hospital”, recordou.

Bruno contou que, no carro em que foi transportado, havia mais de 10 feridos.

No Hospital Central de Maputo, naquele dia, houve 66 entradas, todas elas vítimas das manifestações. Dessas, segundo o director do Serviço de Urgências do Hospital Central de Maputo, Dino Lopes, 57 foram vítimas de baleamento.

Houve três óbitos, dois que chegaram já sem vida e um que, devido à gravidade, morreu enquanto era atendido.

Além dessas vítimas, quatro feridos estavam em estado grave e dois foram levados aos cuidados intensivos.

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