O presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat, diz que não há nenhuma dívida com os jogadores e que o prémio que reivindicam foram recebendo desde o início da campanha do CHAN, na eliminatória diante da Zâmbia, até ao último jogo com o Madagáscar. Sidat diz ainda que a FMF tem suas despesas que devem ser pagas e que não são somente com a selecção principal. Falou da situação de Eduardo Jumisse, adjunto de Chiquinho Conde que diz não ser funcionário da FMF, mas que o suspendeu e não levantou a sua suspensão.
O que parecia uma conferência de imprensa para apaziguar os ânimos em relação ao “caso da premiação dos Mambas no CHAN da Argélia” virou mais lenha na fogueira, colocadas por Feizal Sidat. É que o dirigente não trouxe nada de novo e nem algo que pudesse ajudar na solução do imbróglio.
Pelo contrário, Feizal Sidat foi agudizar ainda mais, confirmar que não haverá prémio acrescido aos Mambas e que os jogadores receberam o equivalente ao que exigiam ao longo de toda campanha.
O presidente da Federação Moçambicana de Futebol começou por dizer que ainda não recebeu nenhuma informação da parte da Confederação Moçambicana de Futebol e que o documento que circula, que revela que a CAF vai premiar com 400 mil dólares, não é reconhecido por si.
“Oficialmente não recebemos nenhuma carta da FMF e ouvimos isso nas redes sociais. O que aconteceu foi um excel de tamanho A6 que não tinha nenhuma assinatura dos dirigentes da CAF. Não vamos pegar um documento que não está assinado por nenhuma entidade da CAF para usarmos como documento oficial”, começou por dizer Sidat.
O argumento de Sidat foi para dar a conhecer que todo processo do CHAN era do conhecimento da FMF, uma vez que a troca de documentação iniciou ainda na fase de qualificação, até à fase final.
Aliás, Feizal Sidat disse que a FMF entrou na luta pelo CHAN como forma de valorizar os jogadores moçambicanos, sendo uma prova que não é obrigatória. “Dos 54 países só disputaram a qualificação ao CHAN da Argélia 34 países. Mas nós, como queremos promover os nossos atletas além-fronteiras, queríamos colocar a selecção lá. O objectivo do CHAN é promover os atletas para serem vistos além-fronteiras”, argumentou Sidat.
Feizal Sidat esclareceu ainda que a FMF ainda não recebeu o valor dos 400 mil dólares. “Somente vai receber daqui a cinco ou seis meses porque a CAF tem que fechar as contas”, explicou.
JOGADORES RECEBERAM SUA PREMIAÇÃO
Relativamente à exigência dos jogadores em relação a premiação, o presidente da FMF esclareceu que os mesmos já receberam o equivalente ao que exigem (60% dos 400 mil dólares) desde o início da campanha do CHAN.
“A FMF já pagou, em premiação, aos atletas, dinheiro que tem nas suas contas, 178.800 dólares, o equivalente a 11 milhões e 600 mil meticais. Receberam a premiação com a Zâmbia, com Malawi, prémio de qualificação e passagem aos quartos-de-final. Tudo isso em tempo oportuno, com todo esforço”, disse o líder da Casa do Futebol que acrescenta ainda que até teve que ir à banca para ter parte do valor que era exigido pelos jogadores antes da partida para Argélia.
E diz mais: “como valorizamos o atleta fizemos um esforço adicional financeiro para que fossem a Argélia sem pensar nos valores”. E acrescenta: “pagamos pochet money que tem que sair do mesmo saco, quase 70 mil dólares para toda delegação, que perfaz quase 250 mil dólares. Dos 400 mil, 250 mil é acima de 60%”, explanou para justificar que não haverá mais nenhum valor a ser dado aos jogadores.
Aliás, para justificar o facto de não dar mais nenhum valor aos jogadores, Sidat socorreu-se dos gastos que a Casa do Futebol tem nas suas actividades. “Qualquer delegação que viaja, entre 38 a 42 elementos, temos que pagar todas despesas e os custos são elevados desde a passagem aérea, que custou mais de 530 mil dólares da operação CHAN desde a eliminatória com a Zâmbia até regresso a Maputo depois da fase final”, disse.
Falando em termos práticos, Sidat esclareceu que o regulamento de premiação prevê 40 mil meticais por cada eliminatória “nós demos 50 mil meticais”. Ou seja, foram 100 mil das duas eliminatórias, adicionados aos 150 mil meticais de prémio de qualificação e ainda 100 meticais pela qualificação aos quartos-de-final do CHAN.
“Neste momento, só de premiação, os atletas já receberam 350 mil meticais, mais 1000 dólares de pocket money”, disse Sidat que fala de cerca de 480 mil meticais que cada jogador recebeu desde o início da operação até ao fecho da nossa participação no CHAN.
Acrescentou ainda dos gastos que terá com a selecção sub-20 que está no CAN do Egipto, a deslocação da selecção de futsal a Tailândia, bem como das restantes selecções. “Temos 11 categorias que gerimos na FMF, desde as camadas de formação em masculinos e femininos, futsal e futebol de praia, para além das formações que fazemos e tudo mais”, é o que faz a FMF gastar valores que agora não permitem a divisão do prémio da CAF pela passagem aos quartos-de-final do CHAN.
Ou seja, para Feizal Sidat, dos 400 mil dólares que a CAF vai premiar a federação pela participação no CHAN, já foi desembolsado aos jogadores pouco mais de 62%, “mesmo sem termos recebido ainda esse valor da CAF”, sentenciou Feizal Sidat.
SITUAÇÃO LAMENTÁVEL E QUE FERE CÓDIGO DE CONDUTA DA FMF
Entretanto, falando dos acontecimentos na Argélia, Feizal Sidat começou por esclarecer nos seguintes termos: “lamentamos a atitude dos atletas de não quererem sair do hotel. Mesmo que tivéssemos algum problema ou défice com os atletas os problemas se resolvem na sua casa e não na casa dos outros”.
Sobre o documento assinado por Jorge Bambo com os jogadores, Sidat esclareceu que foi sob sua orientação que tal aconteceu, como forma de persuadir os jogadores a abandonarem o hotel, já que estes não queriam deixar os quartos. “O que aconteceu é que tínhamos que partir do hotel e devíamos sair entre 10:30 e 11h para o aeroporto, e até as 14:30 os jogadores não queriam sair do hotel. Fomos reunir com eles para negociar e pedimos que tudo fosse resolvido em casa”, esclareceu.
Sidat fala de “uma situação diplomática” que aconteceu, já que teve que haver intervenção da polícia e da federação local para desbloquear o atraso no aeroporto e permitir que a delegaao viajasse.
Entretanto, Feizal Sidat alertou: “nós temos código de conduta, regulamento disciplinar e não iremos admitir nenhum tipo de indisciplina”. E depois deixou um alerta: “qualquer um que me apresentar um documento da CAF que diz que a premiação deve ser dividida em 60% dos jogadores e 40% para a FMF, eu entrego o valor imediatamente”.
Por isso, para o presidente da Federação Moçambicana de Futebol “o documento que foi assinado não tem nenhum valor jurídico e só fizemos isso para que os jogadores subissem no avião”.
Feizal Sidat terminou a esclarecer que não há braço-de-ferro entre a direcção que dirige e os Mambas, mas sim explicação em relação a não entrega de mais nenhum valor aos jogadores que fizeram história com a qualificação, pela primeira vez numa fase final de uma competição da CAF.