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Inundações em Maputo são resultado da falta plano de estruturação da cidade

Foto: O País

As inundações na Cidade de Maputo resultam da falta de um plano de estruturação da urbe. Quem assim o diz são os especialistas em gestão ambiental e engenheiros, que acrescentam que a concepção da cidade não teve em conta os eventos extremos actuais.

Casas praticamente engolidas pelas águas das chuvas, infra-estruturas públicas e vias de acesso danificadas é o cenário que caracteriza a capital do país.

Com o objectivo de buscar soluções para a situação, o Conselho Municipal da Cidade de Maputo organizou, na terça-feira, um encontro que contou com a participação de ambientalistas, arquitectos e engenheiros.

O representante do Ministério da Terra e Ambiente, Isac Jaline, considera que este problema é originado pela falta de uma base legal que acompanhe o crescimento da Cidade de Maputo.

“A Cidade de Maputo está a crescer de forma galopante e de forma desestruturada. Temos um cenário de novos bairros a surgirem e novas infra-estruturas a serem implantadas, mas não sabemos a direcção e com que base estão a ser implantadas”, questionou.

A ausência de um plano de ordenamento territorial, aliada à falta de estudo para o actual nível de expansão da capital, é descrita como a causa do problema. Este posicionamento foi defendido pela directora nacional do Ambiente, Guilhermina Amorrane.

“A concepção da Cidade de Maputo não era para o nível de carga que hoje tem. Falamos de saneamento, drenagem e outros mais.

Por acaso, já tivemos um estudo para nos ajudar a perceber se o solo da capital suporta o peso dos edifícios que agora estão a ser construídos, de vinte e trinta andares”, avançou.

Na mesma linha de pensamento, Guilhermina Amorrane defendeu a necessidade de se elaborar um plano que ajudará a Cidade de Maputo a manter-se resiliente aos novos desafios decorrentes das alterações climáticas que têm causado danos.

O docente da Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane, Dinis Juízo, acrescentou que a causa das inundações está relacionada ao mau ordenamento territorial.

“O problema é que cada um faz o que entende ou como pode. Alguns erguem as suas infra-estruturas, bloqueando a linha de drenagem natural, o que causa impacto durante o período chuvoso”, disse.

Por sua vez, os engenheiros apontam o dedo a quem atribui licenças para construção de grandes edifícios em zonas impróprias, como é o caso de construção em bacias de retenção de água.

Os mesmos criticaram o facto de se estar a construir em alguns locais impróprios, nos bairros de Mapulene e Chihango, na Cidade de Maputo.

Ainda no rol de problemas que têm provocado o caos sempre que chove na capital, os participantes do encontro apontaram a construção de grandes infra-estruturas em espaços que, anteriormente, albergavam pequenas residências de tipo um a três.

A terminar, houve unanimidade em afirmar que, para minimizar os efeitos das inundações, não basta intervir na componente infra-estrutural. Deve-se, também, ter em conta a preservação das áreas verdes que sofrem o impacto das chuvas.

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