O País – A verdade como notícia

O grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda, diz que tomou o controle da cidade estratégica de Uvira, no leste do Congo, nesta  quarta-feira, após uma ofensiva rápida desde o início do mês.

O porta-voz do grupo rebelde M23 fez o anúncio numa publicação no X,  informando que o grupo tomou controlo da cidade estratégica de Uvira, no leste do Congo, e encorajou os cidadãos que tinham fugido a regressar às suas casas.

Localizada na fronteira com o Burundi, Uvira tinha-se tornado num espaço significativo em Kivu do Sul desde que o M23 tomou a capital da província, Bukavu, em Fevereiro.

Nesta quarta-feira, os residentes de Uvira relataram uma noite caótica, durante a qual tropas do exército congolês fugiram e ouviram-se tiros por toda a cidade.

O mais recente ataque do M23 acontece apesar de um acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, assinado na semana passada pelos presidentes da República Democrática do Congo e do Ruanda em Washington. 

O presidente dos EUA, Donald Trump, saudou o acordo como histórico. O acordo não incluía os rebeldes, que estão a negociar separadamente com a RDC, mas obriga o Ruanda a cessar o apoio a grupos armados e a trabalhar para pôr fim às hostilidades.

No seu discurso no parlamento nesta segunda-feira, o presidente congolês Félix Tshisekedi acusou Ruanda de violar o acordo de paz de Washington.

Parceiros locais das Nações Unidas relatam que mais de 200 mil pessoas foram deslocadas em todo o Kivu do Sul, desde 2 de Dezembro, com mais de 70 mortos.

A UNICEF divulgou que mais de 200 milhões de crianças vão precisar de ajuda humanitária no próximo ano, em 133 territórios. A organização pede 6 580 milhões de euros para apoiar 73 milhões de crianças.

Segundo o Relatório de Acção Humanitária para a Infância, apresentado em Madrid esta quarta-feira, o crescimento das necessidades humanitárias na infância é explicado pelo organismo com o agravamento das tensões e conflitos mundiais, bem como das situações de fome.

Os cortes no financiamento a nível mundial e o colapso dos serviços básicos também contribuem para a nova estimativa.

“As necessidades aumentaram, não apenas em número de milhões de crianças, mas também em gravidade”, acrescentou a coordenadora global de emergências da UNICEF, Inés Lezama, citada por Lusa.

Apesar do número estimado de crianças em risco, o pedido de 6 580 milhões de euros para 2026 representa um corte de cerca de 22% face ao ano anterior.

Em 2025, a UNICEF reduziu as intervenções do programa de nutrição em 20 países prioritários devido ao défice de financiamento de 72%.

Na educação, o défice de 640 milhões de euros colocou em risco o acesso ao ensino de milhões de crianças: “Há menos fundos e, por isso, temos de tomar decisões muito difíceis no dia a dia”, explicou Lezama.

Em conferência de imprensa, o director-executivo da UNICEF Espanha, José María Vera, apelou a que o sector privado e as administrações públicas mantenham o apoio prestado à organização, numa fase em que as necessidades crescem em sentido inverso aos recursos, que são cada vez menores.

O alerta surge numa altura em que os cortes de financiamento previstos por parte de governos doadores limitam a capacidade de resposta da UNICEF.

“Sem financiamento contínuo, as intervenções vitais de nutrição, água, saneamento e higiene para proteção de milhares de crianças serão interrompidas”, lê-se no comunicado da UNICEF citado pela agência Lusa.

O valor solicitado de 6 580 milhões de euros será distribuído entre as diferentes necessidades em cada região, nomeadamente no acesso à água, saneamento, higiene e nutrição (40%), educação (16%), saúde (14%) e proteção da infância (12%).

As maiores necessidades de financiamento para o próximo ano concentram-se no Sudão, Afeganistão e Palestina, devido ao risco de fome em Gaza e em Darfur e Cordofão (Sudão).

Entre as mudanças no apoio prestado pela UNICEF em 2026 estão a necessidade priorizar intervenções de maior impacto, reforçar alianças com governos e investir na preparação das ações de ajuda humanitária.

O Presidente da República Democrática de Congo acusa o seu homólogo ruandês, Paul Kagame, de violar o acordo de cessar-fogo assinado na semana passada. Tshisekedi diz que Ruanda continua a apoiar ataques contra o exército congolês.

Na última semana, os Presidentes da República Democrática de Congo e do Ruanda assinaram, em Washington, um novo acordo de paz, para pôr fim  a um dos mais prolongados conflitos do continente africano.

Cerca de 48 horas depois, Felex Tshisekedi, Presidente da RDC, discursando no parlamento do seu país, acusou o seu homólogo ruandês, Paul Kagame, de violar o acordo de paz cuja assinatura foi testemunhada por Donald Trump.

“Logo no dia seguinte à assinatura, unidades das Forças de Defesa de Ruanda realizaram e apoiaram ataques com armas pesadas lançados da cidade ruandesa de Bugarama, causando graves danos humanos e materiais, no Kivu do Sul, rompendo assim o cessar-fogo”, disse Tshisekedi.

O acordo assinado na Capital norte-americana preconiza um cessar-fogo e desarmamento dos grupos armados não estatais e regresso dos refugiados. Os Estados Unidos, segundo o pacto, vão beneficiar-se de forma preferencial dos minerais estratégicos pelos quais os estados lutam.

 

A ONU condenou qualquer tentativa de minar a governação democrática em Benin e apoia autoridades deste país e da CEDEAO após tentativa de golpe. O governo do Benin  reporta várias mortes e a detenção de 12 pessoas

A tentativa de golpe no Benim no fim de semana não apenas provocou reações nas proximidades do país, com membros da CEDEAO intervindo para apoiar as forças armadas do Benim, como também o gabinete do Secretário-Geral da ONU expressou preocupação diante da instabilidade no país.

Em declaração à imprensa em Nova York nesta terça-feira, o porta-voz da ONU afirmou que o Secretário-Geral condena inequivocamente qualquer tentativa de minar a governação democrática no Benim.

Após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o Governo do Benim anunciou esta segunda-feira, que várias pessoas morreram durante a tentativa de golpe de Estado no país. Segundo o balanço, pelo menos 12 pessoas estão detidas na sequência da tentativa falhada de golpe, mas alguns envolvidos continuam a monte, incluindo o tenente-coronel Pascal Tigri, que liderou a operação.

Cerca de cem estudantes sequestrados no fim de Novembro, em uma escola católica na Nigéria, foram libertados e chegaram, esta segunda-feira, à sede do governo local, em Minna. 

Os adolescentes com idades entre 10 e 17 anos, viajaram em cinco autocarros escoltados por veículos militares e foram recebidos pelo governador Mohammed Umaru Bago, que agradeceu ao presidente da república, Bola Tinubu,  pelo apoio ao resgate.

As autoridades não esclareceram se a operação de resgate envolveu confronto ou negociação.

Apesar da libertação, o clima ainda é de preocupação. Outros 165 estudantes permanecem desaparecidos desde o ataque de 21 de Novembro, quando homens armados sequestraram 303 estudantes e 12 professores numa escola, em Papiri. 

O caso reacendeu o alerta sobre os sequestros em massa na Nigéria, que se tornaram uma actividade criminosa lucrativa, segundo organizações locais. 

Em Novembro, mais de 400 pessoas foram raptadas em vários estados, incluindo estudantes, fieis religiosos e famílias inteiras.

A agência das Nações Unidas para a defesa e promoção dos direitos das crianças (Unicef) declarou que o actual surto de cólera na República Democrática do Congo (DRC) é o mais grave do século registado no país.

A agência registou 64 427 casos desde o início do ano, que causaram 1888 mortes, entre as quais 348 crianças.

O impacto do surto, que está a afectar 17 das 26 províncias do país, tem afectado especialmente a população infantil, que viu a sua educação interrompida.

A proporção de casos que afectam as crianças varia de acordo com a província, mas situa-se em torno de 23,4% a nível nacional.

Num dos casos mais trágicos, 16 das 62 crianças que viviam num lar comunitário em Kinshasa morreram poucos dias depois de a doença ter proliferado no orfanato.

O acesso limitado a serviços de água e saneamento continua a impulsionar a persistência da cólera na RDC.

De acordo com o Inquérito Demográfico e de Saúde (EDS) 2024-2025, citado por Lusa, apenas 43% da população utiliza serviços básicos de água (a taxa mais baixa de África) e apenas 15% têm acesso a saneamento básico.

A isso há que acrescentar os conflitos no país, especialmente no leste, onde o êxodo da população e a impossibilidade de acesso a serviços médicos estão na ordem do dia, os fenómenos climáticos extremos e uma urbanização rápida e não planeada que provocou cidades superpovoadas e a saturação dos sistemas de água, saneamento e higiene.

O que fez com que, em áreas com pouca exposição prévia à cólera, como Kinshasa, a escassa conscientização sobre a doença e as demoras na procura de atendimento médico estejam a contribuir para taxas de mortalidade excepcionalmente altas.

Segundo a agência da ONU, serão necessários cerca de 5,5 milhões de euros em 2026 para garantir que o mecanismo de resposta rápida à cólera tenha financiamento adequado.

As Forças Armadas do Benin frustraram, este domingo, uma tentativa de golpe de Estado. A informação foi divulgada pelo Ministério do Interior daquele país da África Ocidental, após um grupo de soldados ter reivindicado, em rede nacional de televisão, a tomada do poder.

Na manhã deste domingo, foram ouvidos tiros enquanto soldados bloqueavam o acesso ao palácio presidencial, na capital econômica do Benin. 

Oito soldados, usando boinas de cores variadas e armados com fuzis, autodenominados “Comitê Militar para a Refundação” anunciaram, na televisão pública daquele país da África Ocidental, que haviam deposto o presidente Patrice Talon e encerrado todas as instituições estatais.

O grupo proclamou um tenente-coronel como presidente e justificou  a tentativa de tomada de poder, apresentando uma lista de reivindicações, citando a deterioração contínua da situação de segurança no norte do Benim, o descaso com os soldados mortos em combate e suas famílias abandonadas à própria sorte, bem como “promoções injustas às custas dos mais merecedores”.

Entretanto, a acção foi rapidamente neutralizada pela Guarda Republicana, que retomou o controle do edifício e repôs a ordem. Momentos depois, o governo do Benim declarou que a tentativa de golpe em Cotonou havia sido “frustrada”. 

Na manhã deste domingo, 7 de Dezembro de 2025, um pequeno grupo de soldados engajou uma mutinaria com o objetivo de desestabilizar o Estado e suas instituições. Frente a esta situação, as Forças Armadas Berinoas e sua hierarquia, fieis ao seu exército, continuaram republicanas. Suas respostas permitiram manter o controle da situação e derrubar a manobra”, disse Alassane Seidou, ministro do Interior do Benin.

Em resultado, 13 soldados foram presos, incluindo os autores da tentativa, embora o tenente-coronel Pascal Tigri, apontado como líder, e outro membro tenham conseguido fugir, de acordo com fontes militares e de segurança.

Patrice Talon está no poder desde 2016 e deverá concluir o seu segundo mandato em Abril de 2026, após as eleições presidenciais.

Este é o mais recente golpe militar na África Ocidental, depois de, na semana passada, um grupo de militares tomar o poder na Guiné-Bissau, destituindo o Presidente Umaro Sissoco Embaló. 

Donald Trump afirmou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não está disposto a assinar uma proposta de paz elaborada pelos EUA, com o objectivo de pôr fim à guerra com a Rússia. 

O Presidente norte americano criticou Zelensky depois de os negociadores norte-americanos e ucranianos terem concluído três dias de conversações no sábado, com o objetivo de tentar reduzir as diferenças em relação à proposta da administração norte-americana.

Numa troca de impressões com os jornalistas na noite de noite, Trump sugeriu que o líder ucraniano está a impedir que as conversações avancem.

“Estou um pouco desapontado por o presidente Zelensky ainda não ter lido a proposta, isso foi há algumas horas. O seu povo adorou, mas ele não”, afirmou Trump numa conversa com jornalistas antes de participar na cerimónia do Kennedy Center Honors, cita a Euronews.

Trump tem mantido uma relação instável com Zelensky desde que assumiu o segundo mandato na Casa Branca, insistindo que a guerra era um desperdício de dinheiro dos contribuintes americanos. Trump também tem instado repetidamente os ucranianos a cederem território à Rússia para pôr fim a um conflito que já dura quase quatro anos e que, segundo ele, custou muitas vidas.

Zelensky disse, no sábado, que teve uma “conversa telefónica substancial” com os funcionários americanos envolvidos nas negociações com uma delegação ucraniana na Flórida. 

“A Ucrânia está determinada a continuar a trabalhar de boa fé com o lado americano para alcançar genuinamente a paz”, escreveu Zelensky nas redes sociais.

O Papa Leão XIV afirmou este domingo que a paz é possível e que os cristãos, através do diálogo com outras religiões e culturas, podem contribuir para a sua construção, ao referir-se à sua recente viagem à Turquia e ao Líbano.

“O que aconteceu nos últimos dias na Turquia e no Líbano ensina-nos que a paz é possível e que os cristãos, em diálogo com homens e mulheres de outras religiões e culturas, podem contribuir para a sua construção. Não nos esqueçamos: a paz é possível”, disse Leão XIV, após a oração do Angelus, a partir do Palácio Apostólico, no Vaticano, ao dirigir-se aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro.

O chefe de Estado do Vaticano, que regressou na terça-feira da sua primeira viagem apostólica, agradeceu a todos os que o acompanharam em oração durante a deslocação àqueles dois países.

“Na Turquia, tive a alegria de me encontrar com a comunidade católica que, através do diálogo paciente e do serviço aos que sofrem, sabe dar testemunho do Evangelho do amor e da lógica de Deus manifestada na humildade”, referiu Leão XIV.

Já em relação ao Líbano, o Papa notou que o país “continua a ser um mosaico de convivência” e manifestou consolo por ver tantas pessoas nas ruas a saudá-lo.

“Encontrei pessoas que proclamam o Evangelho acolhendo refugiados, visitando prisioneiros e partilhando o pão com os necessitados”, disse Leão XIV.

O Papa recordou ainda o encontro com as famílias das vítimas da explosão no porto de Beirute.

“Os libaneses esperavam uma palavra e uma presença de consolo, mas foram eles que me consolaram com a sua fé e entusiasmo”, adiantou.

Leão XIV explicou que, durante a viagem, se encontrou com o patriarca ecuménico de Constantinopla e outros representantes de diferentes confissões cristãs na antiga cidade de Niceia, local histórico do primeiro concílio ecuménico, há 1.700 anos.

O Papa recordou ainda que assinalou-se ontem o 60.º aniversário da histórica declaração conjunta entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, que pôs fim à excomunhão mútua entre as igrejas Católica e Ortodoxa.

“Damos graças a Deus, renovemos o nosso compromisso no caminho para a plena e visível unidade de todos os cristãos”, acrescentou.

O líder da Igreja Católica lembrou também as populações do sul e sudeste asiáticos, gravemente afectados pelas recentes inundações, apelando à comunidade internacional para apoiar com gestos de solidariedade aqueles que são atingidos pelos desastres naturais.

“Rezo pelas vítimas, pelas famílias que choram os seus entes queridos e por todos aqueles que prestam auxílio”, afirmou.

As chuvas torrenciais e os deslizamentos de terras registados recentemente na Indonésia, no Sri Lanka e na Tailândia fizeram pelo menos 1.400 mortos e cerca de 800 desaparecidos, enquanto milhares permanecem desalojados.

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