O Instituo Nacional de Saúde (INS) vai realizar pesquisas com recurso a plantas nativas para controlar e curar a COVID-19. O estudo, cuja data de início ainda não está definida, será feito, também, com base nas bactérias existentes no organismo humano.
Ainda não foram identificadas as plantas para a pesquisa, mas entre elas consta a moringa, cujos estudos sobre a mesma já iniciaram e estão a cargo de outras organizações.
Nas plantas, será avaliada a sua toxidade e a concentração de substâncias que permitem ou não serem administradas no organismo humano, sem causar danos à saúde.
Depois deste processo, serão feitos experimentos para analisar o potencial anti-inflamatório e compará-los com os medicamentos convencionais usados para controlar a inflamação causada pela COVID-19. A pesquisa vai apurar, também, de que forma as plantas podem tornar o organismo imune e destruir as células infectadas pelo vírus da SARS-COV-2.
“E depois disso, vamos ver se usamos essas plantas em substituição dos fármacos que usamos convencionalmente”, disse Raquel Matavele, pesquisadora do INS e vencedora do prémio da UNESCO para mulheres cientistas. O prémio foi de 50 mil dólares que serão usados na pesquisa.
A investigadora faz parte do grupo de 15 mulheres investigadoras do continente africano e da região da Ásia-Pacífico que foram laureadas.
Ademais, segundo a pesquisadora, será feito um estudo em microbiotas –bactérias que vivem no corpo humano – para aferir se o seu perfil pode estar associado ao desenvolvimento da COVID-19 ou à cura da doença.
“Queremos entender melhor” por que razão alguns “indivíduos desenvolvem a doença e outros não. Então, vamos medir o que chamamos de bio marcadores de evolução para doença”, explicou Raquel Matavele, para quem, este processo permite medir o grupo de células, cuja função principal é evitar a inflamação acentuada.
“Uma vez identificado o perfil” das células “podemos usá-lo, de formas diferentes, para o diagnóstico” da enfermidade. Pesquisadora esclarece que nos termos que se pretende desenvolver a pesquisa, há possibilidade de se fazer transplante de células de um indivíduo saudável num doente.
Para iniciar o estudo, o INS aguarda a aprovação ética e a padronização dos experimentos.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA REAGE À PREMIAÇÃO DE RAQUEL MATAVELE
A propósito da distinção da pesquisadora afecta ao INS, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse: “o projecto que lhe valeu a distinção entre candidatas de mais de 60 países de África e da região da Ásia-Pacífico investiga potenciais tratamentos da COVID-19 em populações residentes nas zonas tropicais de África, por via da avaliação do potencial de algumas plantas nativas para controlar a resposta inflamatória que ocorre em casos graves da infecção provocada pelo novo Coronavírus”.
O prémio é atribuído numa altura em que o país regista um grande aumento de casos da COVID-19. Assim, o Chefe de Estado reiterou o apelo a todos para o cumprimento rigoroso das medidas de prevenção da pandemia.