O sol de Julho brilha sobre a cidade de Inhambane, conhecida por ser um lugar tranquilo. Mas muitas vezes o sol brilha sobre muros sem vida, muros de edifícios que contam a história da cidade, o que contrasta com a beleza do local.
E é para dar vida a estes muros que o artista plástico Chanã de Sá decidiu pegar no pincel e colorir a cidade, com vários temas.
Chanã revelou ao “O País” que por ser Inhambane uma das cidades mais turísticas e limpas do país, os muros sem cor, matam a beleza da e com o intuito de dar vida à cidade, decidiu pintar.
Muito mais do que dar vida aos murais, as pinturas passam mensagens sobre vários assuntos e um deles é a protecção do meio ambiente, tal como é o caso de uma pintura sobre os dugongos, feita sobre a vedação da Escola Primária 7 de Abril, no centro da cidade de Inhambane.
Em Moçambique existe uma população de aproximadamente 250 a 300 dugongos na região do Arquipélago de Bazaruto, que se estende desde o Rio Save, a Norte, até o Cabo de São Sebastião, a sul. É lá onde está a considerada última população viável de dugongos em toda costa oriental de África.
Entretanto, sem um esforço coordenado de conservação, os dugongos de Moçambique continuam em risco de extinção, principalmente por consequências de acções humanas.
Como parte desse esforço de protecção, Chanã usa a pintura na escola para ensinar as crianças a importância de proteger o animal, e com elas, convencer também os mais velhos.
As mulheres também têm espaço nas telas, ou melhor, nos murais de Chanã, onde são retratadas nas suas batalhas do quotidiano. É o caso da pintura de uma mulher com um bebé ao colo, que apesar da pandemia da COVID-19, tem de sair todos os dias para ir atrás do sustento da sua família.
Quem se vê espelhada neste mural não resiste ao encanto. É o caso de Maida, uma mulher vendedeira de mariscos, que a encontramos a apreciar a pintura e diz que gostou da mistura de cores e da vida que o mural ganhou.
Mas não são apenas as mulheres que gostam, os mais novos, ainda em formação, ficam enfeitiçados com o olhar da mãe protectora.
Chanã pinta os murais com recurso a fundos próprios e com a participação de alguns amigos de boa vontade.
Chanã de Sá é um artista plástico, da cidade de Inhambane, que deu os seus primeiros passos nas artes incentivado pelo artista plástico A. M. Acosta, com quem estudou desenho, pintura e cerâmica no atelier “Sombra do artista”.
Participou em várias exposições colectivas, workshops e festivais culturais no país e no estrangeiro e as suas exposições individuais sucederam-se em Inhambane e Maputo.
Sempre activo, transformou-se numa referência na vida cultural de Inhambane, onde trabalha como dinamizador e facilitador cultural, em vários projectos, em parceria com associações e organizações culturais nacionais e internacionais.
Chanã é membro do Núcleo de Arte, membro da Associação Positivo Moçambique e é também membro Fundador da Associação de artesanato Kululeco.