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Inhaca sem ponte cais: o martírio para quem chega lá de barco!   

Oito horas e 15 minutos, já atrasado, o barco “KaNyaca” partiu da ponte cais, na cidade de Maputo, rumo à Ilha de Inhaca, a 32 quilómetros do centro da capital.

A bordo da embarcação, pelo menos 100 passageiros seguiam viagem, entre eles turistas, pessoas que seguiam para um funeral, mas grande parte eram residentes da ilha. 

Viagem tranquila, tempo bom e o céu azul  a casar com o verde esmeralda do mar. A conversa fluía e, duas horas depois, cerca das 10h30, “KaNyaca” atracava nas águas que circundam a ilha, mas no meio do mar. 

Segundos depois, duas embarcações, mas pequenas aproximam, em simultâneo, os passageiros tiram os sapatos, dobram as calças e algumas mulheres substituem as que traziam e amarram a cintura  capulana. 

Numa escada ajeitada, um a um desce, mas com cuidado para não cair, entram nos “barquinhos” que três minutos depois chegam à praia. Ali, as pessoas descem, mas porque a maré não está alta, as mesmas caminham por mais uns 20 metros dentro da água até chegar a terra firme.

Tudo isto acontece porque, em Inhaca, não há uma ponte cais que facilite o embarque e desembarque de pessoas e bens, ou seja, entrar e sair da Ilha  tem sido um martírio nos últimos anos. 

Em conversa com Maria Chalala, uma idosa residente na ilha, a mesma  contou ao “O País” que tem sido um sofrimento. Segundo a fonte,  as pequenas embarcações custam 25 meticais por viagem, e para o seu caso, que mal consegue se sustentar, esse dinheiro é muito, pois, depois, tem ainda que comprar o bilhete de 280 para a viagem no ferryboat. 

Se Maria Chalala reclama dos 25 meticais, André Sebastião, nem tem forças para o fazer, é que ele tem uma mercearia, adquire seus produtos na Cidade de Maputo para revender lá. 

“Por exemplo, a minha carga geralmente ocupa todo barco, às vezes pago 600, mas quando é muita e dependendo das voltas que fazemos, chegamos a pagar três ou quatro mil meticais”, explicou André, residente em Inhaca.

Outra preocupação é o tempo que se leva para desembarcar. O barco, que chegou  às 10h30,  duas horas e meia depois,  ainda continuava o processo de descarregamento. Os últimos a sair eram os passageiros que tinham carga, tal como  Henriques Ricardo. 

“Hoje fui o último a descer. São 13h03 e  só agora consegui. Noutros dias, levo uma hora e meia e outros duas”, contou. 

A falta da ponte-cais afecta também o turismo. Alí Zito, que é guia turístico, lamenta o facto de muitos turistas, já não irem a Inhaca, pela dificuldade para desembarcar e embarcar. 

Zito disse ao “O País” que, com a antiga ponte, o movimento de turistas na ilha era “muito bom”. 

Na Ilha, existia uma ponte que foi construída no ano 2000, e reabilitada em 2007. Mas a infraestrutura  não funcionou por muito tempo, tendo ficado destruída, uma vez que uma parte caiu no mar e o ferro corroeu.  Os únicos que se beneficiam dela são as aves que tem, ali, um lugar para pousar. 

Segundo o administrador do distrito, Benedito Domingos, uma nova ponte faria toda diferença e ajudaria no desenvolvimento de KaNyaca.

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