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Inflação vai acelerar a médio prazo

Depois da queda registada em Agosto passado, perspectiva-se uma subida generalizada de preços na economia nos últimos meses do ano, mercê do fim da época fresca, o agravamento das tarifas na portagem da Moamba e o aumento dos preços de combustíveis e de produtos alimentares na África do Sul. A projecção é feita pelo Banco de Moçambique.

Dados do relatório sobre a Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, divulgado esta semana pelo banco central, evidenciam que, em Agosto de 2023, a inflação anual desacelerou, favorecida pela redução dos preços dos bens alimentares. A inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Moçambique, passou de 5,67 % em Julho para 4,93 % em Agosto.

A evolução negativa do nível geral de preços em Agosto é explicada pela redução dos preços de bens alimentares, com destaque para frutas e vegetais, em face da vigência da época fresca, e dos preços de combustíveis.

Para o futuro, as perspectivas de curto prazo apontam para uma ligeira aceleração da inflação. Estas perspectivas, de acordo com o documento, reflectem o fim da época fresca, o agravamento das tarifas na Portagem da Moamba e o aumento dos preços de combustíveis e de produtos alimentares na África do Sul.

Contudo, o Banco de Moçambique (BM) aponta que prevalecem como riscos a estas perspectivas as incertezas quanto ao ajustamento dos preços de combustíveis a nível doméstico e a magnitude dos efeitos e impacto do fenómeno El Niño. 

Entretanto, os agentes económicos reviram em baixa as suas perspectivas de inflação para o fecho do ano. Um inquérito aos agentes económicos, realizado em Setembro corrente, aponta que a inflação anual poderá reduzir para 5,88 %, depois de 6,39% revelado no inquérito precedente.

Já nas perspectivas para o médio prazo, prevalece a previsão de manutenção em um dígito, a reflectir o impacto das medidas de política monetária, a estabilidade cambial e a tendência de arrefecimento da pressão inflacionária a nível global. Entretanto, os riscos subjacentes às projecções de inflação agravaram-se, com destaque para as perspectivas de aumento do preço do brent no mercado internacional e as incertezas quanto ao impacto dos eventos climáticos extremos.

 

A ECONOMIA NACIONAL CONTINUARÁ A RECUPERAR-SE DE FORMA MODERADA

O BM antevê que o PIB, excluindo os projectos energéticos, registe um desempenho moderado, a reflectir o relativo bom desempenho dos sectores da agricultura, do comércio e de serviços.

Aliás, no segundo trimestre de 2023, o PIB real registou um crescimento anual de 4,7 %, a reflectir, essencialmente, o dinamismo da indústria extractiva (sobretudo a produção de gás natural liquefeito), bem como a recuperação do comércio e serviços.

No segundo trimestre, “o PIB registou uma aceleração de 50 pb. Dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que, em termos anuais, o PIB real cresceu 4,7 % no segundo trimestre de 2023, após 4,2 % no primeiro trimestre”.

Entretanto, no curto prazo, mantêm-se as perspectivas de um crescimento moderado do PIB, excluindo a produção de GNL, explicado pela evolução positiva da agricultura e dos serviços. 

Segundo o relatório, a aceleração do crescimento do PIB no período em referência reflecte o dinamismo da indústria extractiva, bem como a recuperação do ramo de comércio e serviços de reparação, que registou um crescimento de 3,0 %, após a queda de 3,4 % no trimestre anterior.

Em termos de componentes da procura agregada no comércio, que contribuíram para o crescimento do PIB, o banco central cita a melhoria do saldo da conta corrente, resultante da redução das importações.

“No período em referência, o valor das exportações de bens reduziu em USD 171 milhões, comparativamente ao período homólogo de 2022. Esta redução é explicada, essencialmente, pela queda acentuada dos preços das principais mercadorias de exportação no mercado internacional. No mesmo sentido, as importações reduziram em USD 4,110 milhões, explicada pelo efeito estatístico base, fortemente influenciado pelo valor expressivo da plataforma flutuante do projecto Coral-Sul (cerca de USD 4200 milhões), registado no primeiro semestre de 2022”, escreve o relatório.

Dentre os principais produtos de exportação, apenas o gás e as areias pesadas registaram incrementos, a reflectir o efeito, tendo os restantes se ressentido significativamente da queda dos preços no mercado internacional.

Assim, perspectiva-se que, no curto prazo, o volume das exportações continue a crescer, favorecido pela contínua melhoria do desempenho dos grandes projectos, com destaque para o gás natural e o carvão mineral. 

As projecções são também optimistas quanto à recuperação da actividade económica.

O desempenho da economia no primeiro semestre do ano continua a indicar uma recuperação gradual da actividade económica, não obstante os efeitos dos choques climáticos que têm assolado o país. Deste modo, o crescimento do PIB real tende a aproximar-se da sua tendência de longo prazo, diz o estudo.

No curto prazo, mantêm-se as perspectivas de um crescimento moderado do PIB, excluindo a produção de GNL. “Estas perspectivas continuam a ser sustentadas pelo desempenho dos sectores primário (agricultura e produção de carvão e areias pesadas) e terciário (serviços de transportes e comunicação e de hotelaria e restauração), num contexto em que se prevê que o sector secundário prevaleça condicionado e que os preços das commodities de exportação continuem a limitar a expansão da actividade económica”, refere.

 

RESERVAS INTERNACIONAIS DO PAÍS MANTÊM-SE EM NÍVEIS SATISFATÓRIOS. 

O regulador do sistema financeiro explica que a posição externa do país, medida pelas reservas internacionais brutas, mantém-se satisfatória, tendo registado um saldo acumulado de cerca de USD 3,220 milhões até ao dia 15 de Setembro de 2023, o suficiente para garantir a cobertura de cerca de quatro meses de importações de bens e serviços, excluindo os grandes projectos.

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