Faz, dentro de dias, um ano sem que haja um presidente eleito da Federação Moçambicana de Patinagem (FMP), na sequência do ambiente de cortar à faca que se vive na modalidade. É que, após as eleições realizadas em finais de Novembro de 2020, que culminaram com a vitória de Eneas Comiche Jr (candidato da lista A) com oito votos contra três de Nelson Costa (candidato da lista B), o candidato derrotado impugnou as mesmas por alegadas irregularidades.
Disse, na sua fundamentação, Nelson Costa que se excluíram as associações provinciais no processo de votação e deu-se primazia aos membros fundadores da modalidade, o que, na sua óptica, viola a lei de desporto vigente no país.
Comiche, que devia tomar posse num prazo de 15 dias, sequer chegou a fazê-lo, porque o processo seguiu ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo que, até ao presente momento, não deu o seu parecer sobre o mesmo.
Certo, certo mesmo, é que, de lá a esta parte, há um grande vazio directivo numa das modalidades colectivas que tem escrito páginas douradas no desporto moçambicano, colocando, mesmo num mar de dificuldades, o país a brilhar no concerto das Nações.
E tal acontece quando se está a um ano da disputa do Campeonato do Mundo, prova na qual já deixou a sua marca em várias edições. Questiona-se, no círculo da modalidade, como manter um elevado nível competitivo e continuar entre as melhores selecções do mundo, num cenário de incertezas e falta de competições ao nível interno. Como se manter na elite, colocando-se entre os que mais prestigiam ao nível mundial aos moçambicanos?
Aliás, e o percurso fala por si, Moçambique é a única selecção de África que atingiu as meias-finais do Mundial do grupo A, em 2011, em San Juan, na Argentina. O combinado nacional, então orientado por Pedro Nunes, fez uma campanha irrepreensível na prova, terminando no histórico 4ª lugar atrás de potências, como Itália (5ª classificada), Chile (6ª classificada), França (7ª classificada) e Brasil (8ª classificada).
Os chamados “Guerreiros de San Juan” chegaram mesmo a colocar em sentido a Espanha, vencedora da prova, com quem perderam nas meias-finais por 4-3. Caros patrícios, a selecção espanhola de hóquei em patins é uma das grandes potências do desporto, tendo, veja-se, exactamente o mesmo número de europeus e mundiais conquistados: 17 de cada competição. Nas classificativas do 3º lugar, a selecção nacional perdeu diante de outra potência, Portugal (açambarcou 16 títulos mundiais), por 9-2. Nos quartos-de-final, Moçambique afastara o Brasil com uma vitória saborosa por 9-6.
Ainda no historial de participações em Mundiais, que engrandeceram a imagem do país, a selecção nacional de hóquei em patins ocupou a 7ª posição na primeira prova disputada em África, precisamente em Angola, em 2013. José Querido foi o homem que teve a responsabilidade de orientar “MOZ” nesta prova disputada nas cidades de Luanda e Namibe e na qual os angolanos não ficaram nada a dever ao mundo.
É de salientar que, mesmo tendo investido mundos e rios para não sediar o Mundial como também ter uma classificação histórica, Angola ficou em 9º lugar. Dois anos depois, em Sur La Roche, na França, foi resgatado Pedro Nunes como seleccionador e Moçambique voltou a ocupar a 7ª posição, mantendo-se, desta forma, na elite da modalidade.
Na 43ª edição do Mundial, em 2017, prova já integrada nos Jogos Mundiais de Patinagem, Moçambique esteve integrado no mesmo grupo que a Espanha, Chile e Alemanha, terminando a fase de grupos em segundo com seis pontos, menos três que a Espanha, vencedora. O combinado nacional terminaria a prova, que englobou a Taça FIRS e Taça das Confederações, na 8ª posição.
VICE-CAMPEÃO AFRICANO…
Mesmo em África, nunca vergamos! É verdade, o hóquei em patins sempre esteve em grandes patamares. De resto, naquele que foi o 1º Campeonato Africano de hóquei em patins, prova realizada em Luanda, Angola, Moçambique terminou a prova na 2ª posição ao perder diante da equipa da casa, por 5-3.
Em pleno dia 10 de Março, no pavilhão multiusos do Kilamba, a selecção nacional deu tanta réplica, mas não conseguiu, no final, travar os anfitriões que se qualificaram ao Mundial da modalidade com a conquista alcançada. Moçambique, esse, teve que disputar a Taça Intercontinental e o Egipto a Taça Challenger, respectivamente segundo e terceiro escalão mundial.
VENCEDORES DA TAÇA INTERCONTINENTAL
A 13 de Setembro, em Barcelona, Espanha, o hóquei em patins voltou a fazer das suas! Ou seja, elevar bem alto a bandeira de Moçambique após a selecção nacional conquistar a Taça Intercontinental da modalidade.
Tal conquista mereceu, na altura, uma mensagem de felicitações por parte do Presidente da República, Filipe Nyusi: “Este desempenho memorável é um prémio merecido a todos os moçambicanos que, perante vicissitudes da natureza, se reerguem saboreando mais uma vitória do nosso desporto. Os nossos briosos hoquistas exaltaram o patriotismo, mostrando que, com persistência e crença, se pode conquistar um lugar de destaque, motivando todo um povo a caminhar firme, unido e com trabalho árduo, rumo ao futuro risonho”, diz a mensagem.
Para o Chefe de Estado, com este brilharete, os moçambicanos em todo território nacional, bem assim na diáspora, se rejubilaram orgulhosos, por esta conquista que põe Moçambique na selecta lista de países que já ganharam esta competição de calibre mundial.
A conquista da Taça Intercontinental seguiu-se ao Mundial do grupo B ganho pela selecção nacional em 2006, em Montevidéu, no Uruguai, feito que permitiu ao país regressar à elite da modalidade. Há ainda destacar o 3º lugar conquistado, no mesmo ano, pela selecção nacional de hóquei em patins sub-19 no Mundial da categoria, prova igualmente disputada na Espanha. O conjunto, orientado por Spiros “Kiko” Esculudes, esteve muito bem na prova, tendo dado boas indicações diante de adversários com mais condições de trabalho e investimento na modalidade. A participação de Moçambique nesta categoria foi resultado de um grande trabalho feito pela Federação Moçambicana de Patinagem (FMP) e os clubes nos escalões de formação.
Destaque, aqui, para os torneios promovidos no pavilhão do Estrela Vermelha com participação de centenas de novos talentos.