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HCM recebe mensalmente 12 crianças vítimas de cancro

Foto: DW

Uma média de 12 crianças oriundas de todo o país dão entrada no Hospital Central de Maputo vítimas do cancro pediátrico, todos os meses.

Os cancros do sangue, do sistema linfático, do olho, do rim e da pele são os que mais afectam as crianças, sendo que, segundo a primeira-dama, Isaura Nyusi, o cancro pediátrico representou em 2020 cerca de sete por cento do total de cancros no país.

“Descobrir que uma criança ou um adolescente tem cancro é uma situação extremamente difícil de se enfrentar e aceitar por parte da sociedade, famílias e principalmente pais. Por isso, somos chamados, mais uma vez, a unir-nos para minimizar os efeitos desta doença, e tal passa por identificar os sinais e sintomas de alerta nas nossas criancinhas”, disse a Primeira-Dama.

O alerta dos pais deve começar, conforme disse Isaura Nyusi, assim que se perceber que há perda de apetite, perda de peso, anemia, sangramento, inchaço no corpo e alteração na visão.

Segundo disse, quanto mais cedo for feito o diagnóstico mais efectivo e menos dispendioso é o tratamento. A nível mundial, são registados cerca de 200 mil novos casos de cancro por ano em crianças dos zero aos 14 anos de idade.

“A grande maioria destas crianças vive em países de baixa e média renda. Tal é o caso de Moçambique, onde o acesso aos cuidados e tratamento são limitados, resultando numa baixa percentagem de sobrevivência quando não diagnosticados precocemente”, frizou.

A esposa do Presidente da República disse que entre os esforços para minimizar o sofrimento das crianças vítimas do cancro existe uma iniciativa global contra o cancro infantil, cujo objectivo é garantir a sobrevivência de pelo menos 60% das crianças diagnosticadas com cancro até 2030.

Nos últimos anos, o país, com ajuda de parceiros tem registado avanços na luta contra o cancro pediátrico, conforme disse a esposa do Presidente da República.

 

CANCRO ENTRE AS DOENÇAS QUE FAZ MAIS VÍTIMAS MORTAIS NO PAÍS

O maior desafio para o país ainda é o diagnóstico precoce da doença, pois quando os pacientes chegam tardiamente às unidades sanitárias, poucas são as probabilidades de sobrevivência, como disse Cesaltina Lorenzoni, directora nacional de Controlo do Cancro.

Em média, 17 mil pessoas morrem por ano no país devido à doença. O cancro do colo do útero, por exemplo, é o que mais mata, tirando a vida de cerca de 4 mil pessoas anualmente.

Para evitar que mais pessoas percam a possibilidade de ser salvas, foi lançado, esta quarta-feira, o Teste HPV-DNA, para rastreio do cancro do colo do útero.

“Este é o teste que é recomendado como padrão pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é mais sensível que o exame papa Nicolau ou, pela visualização por ácido acético, é mais objectivo e não subjectivo, tem um alto valor predictivo negativo, isto é, se o teste HPV (Vírus Papiloma Humano) for negativo, as chances de desenvolver lesões de alto grau em cinco anos é muito baixo”, descreveu Lorenzoni.

Nos primeiros testes pilotos, foram realizadas várias pesquisas, em que foram rastreadas 900 pacientes entre 30 e 49 anos de idade. Os resultados indicaram, segundo a médica, que 24% das mulheres eram HPV positivas, e dessas 40% têm vírus do HIV/SIDA.

“Concluímos que, em Moçambique, 20% das mulheres que são HIV negativas serão HPV positivas e aproximadamente 40% de mulheres HIV positivas serão HPV positivas”.

Segundo o embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Peter Vrooman, a implementação do teste para o rastreio do cancro do colo do útero é um dos grandes avanços que Moçambique tem registado.

Nos últimos dois anos, o país norte-americano apoiou no rastreio de mais de 300 mil mulheres e no tratamento de mais de 15 mil mulheres com cancro do colo do útero.

“Entre os 50 países apoiados pelo PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da SIDA), Moçambique foi o único que excedeu os seus objectivos anuais de rastreio do cancro do colo do útero”, congratulou o diplomata Vrooman.

No entanto, a Organização Mundial da Saúde reconhece que os desafios ainda são inúmeros. Segundo Severin Xylander, entre os desafios estão a baixa disponibilidade dos registos oncológicos baseados na população, a limitada promoção da saúde, o acesso inadequado aos serviços de prevenção primária e a escassez de unidades de diagnóstico e disponibilidade de unidades de radioterapia e quimioterapia.

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