O Ministério da Saúde está a investigar as circunstâncias em que morreu a filha recém-nascida do casal angolano que se encontra sob custódia policial em Moçambique. A unidade hospitalar reitera que a gravidez da cidadã angolana era de alto risco.
O Hospital Central de Maputo (HCM) rejeita as acusações segundo as quais é responsável pela morte da filha de Man Gena e Mami, casal angolano sob custódia das autoridades moçambicanas por ter entrado no país sem documentação.
Entretanto, a unidade sanitária garante que já decorre um trabalho interno para apurar as circunstâncias que terão levado à morte da filha recém-nascida.
“Está a ocorrer mesmo um trabalho que envolve o departamento de ginecologia e obstetrícia, o departamento de pediatria e a direcção do Hospital Central de Maputo. Está a ser feito o estudo porque é um caso que exige o envolvimento desses sectores todos de que falei, mas também do próprio Ministério [da Saúde]”, esclareceu Justino Madeira, porta-voz dos Serviços de Urgência do Banco de Socorros do Hospital Central de Maputo.
O Hospital Central de Maputo esclarece também que, depois de a mãe da bebé que perdeu a vida ter dado entrada no HCM, em finais de Março, constatou-se que a gravidez era problemática, o que levou ao nascimento prematuro.
“Neste caso em particular, foi porque a bolsa de água rompeu cinco dias antes de vir a ter o parto e, muitas vezes, quando há uma ruptura prematura de membranas, há um risco que ocorre de ter complicações maternas assim como fetais. Neste caso, em particular, ela teve esta condição, mas não era um bebé prematuro, ou seja, não estava com 37 semanas, estava com 29 semanas, então logo com esta condição já há um risco. Ela já vinha com dores. Infelizmente, acabou por ter essa ruptura prematura da bolsa. Isso já é um risco porque há riscos de infecção da própria mãe e também do feto.”
O embaixador de Angola em Moçambique, José Manuel, reagiu à retenção do casal angolano em Maputo, que pede asilo por entender estar a ser perseguido no seu país, garantindo que não será repatriado, mas o caso está sob responsabilidade do Estado moçambicano.
“As autoridades moçambicanas continuam a tratar do assunto com o Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados (INAR), porque ele pediu asilo. Então, está a ser analisado.”
O “O País” contactou o Serviço Nacional de Migração, que fez saber que o “caso Man Gena” está a ser tratado dentro da Lei e, em breve, serão publicadas as decisões tomadas.