Há sete anos iniciavam-se os ataques terroristas em Mocímboa da Praia, Cabo Delgado. Antes disso, houve um processo de radicalização nalgumas mesquitas. As Forças de Defesa e Segurança e as autoridades do Governo foram ignorando esses sinais. Coincidência ou não, o facto é que há muita semelhança com o que está a acontecer em Nampula.
No passado dia 5 de Outubro, houve registo do primeiro ataque terrorista na vila municipal de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado. A população de vários bairros periféricos viveu momentos de incerteza, desespero e terror.
Os populares mostraram uma mesquita que também funcionava como madrassa para ensinar o islão. A diferença é que já nessa altura se notava algum desvio nalgumas práticas islâmicas e começa a ouvir-se o nome Al-Shabaab.
Os que frequentavam a mesquita eram moçambicanos, segundo a população, e maioritariamente jovens.
O radicalismo passou a ficar bem claro quando os indivíduos em causa partiram para a violência armada.
Para além da mesquita feita de material convencional, os membros do chamado grupo Al Shabaab haviam construído, no mesmo bairro, uma outra com material precário e passavam mensagens aos fiéis que remetiam a um islão diferente do conhecido no país.
Os populares disseram, na altura, que, por várias ocasiões, avisaram as autoridades locais sobre o perigo que o grupo representava para o Estado moçambicano.
E, desde logo, a Comunidade Islâmica em Mocímboa da Praia tratou de se distanciar daquele grupo por entender que tinha práticas anti-islâmicas.
Os dias e os anos foram passando e, sete anos depois, o país debate-se com os ataques terroristas. Do radicalismo, passou-se ao recrutamento com recurso a aliciamento com dinheiro, para além do recrutamento forçado nas zonas onde realizam os ataques.
Nas comunidades onde inicialmente faziam as suas incursões, queimavam casas de forma selectiva. Haverá aqui um paralelismo com o que está a acontecer na Unidade Comunal de Nahene 1 em Nampula ou é uma mera coincidência? Lembre-se que, na noite de 8 de Julho, duas casas foram incendiadas em pontos diferentes e esta mesquita e madrassa está a ser associada a práticas anti-islâmicas.