Há perigo de atropelamento na Estrada Nacional Número 1 no bairro Zimpeto, na Cidade de Maputo, onde, no período nocturno, funcionam uma paragem de transporte e um mercado informal, o que causa constrangimentos na mobilidade.
Ao fim do dia, um “mar de gente”, proveniente quase de todos os lugares, invade uma das faixas de rodagem da EN1, sobretudo no sentido Cidade de Maputo–Marracuene.
O cenário remete a uma situação em que se está perante uma bomba-relógio que só espera o momento para deflagrar, isto porque, em caso de acidente de viação ou uma qualquer situação catastrófica, pode haver mortes em massa naquele ponto.
“Corremos muito risco aqui; por mim, o transporte deve embarcar e desembarcar passageiros no interior do terminal, aqui a situação não é boa, há muito perigo aqui”, disse Tânia José Balate.
De acordo com o Município de Maputo, o terminal rodoviário do Zimpeto deve funcionar das 4h às 22h – foi o que vimos durante a presença da nossa equipa de reportagem naquele local. De dia, os transportadores entram e saem com passageiros. Entretanto, a coisa muda de figura à noite, em que o terminal fica abandonado e o futebol toma conta do espaço.
Ainda assim, alguns passageiros continuam à procura do transporte naquele local por desconhecimento, como aconteceu com Sheron Magaia, aluna da Escola Secundária Mártires de Mbuzine, localizada no interior do bairro Magoanine “C”: “Eu vim aqui para apanhar transporte, mas não há carros e, na minha casa, já estão preocupados”.
Alexandre Cumbe, vendedor no Mercado Grossista do Zimpeto, e Vasco Balate, transportador, apontam a criminalidade como o factor que faz com que os “chapas” e os autocarros não entrem no terminal rodoviário de Zimpeto.
“Estou ciente de que este local não é ideal nem seguro para embarcar e desembarcar passageiros, mesmo para estacionar. Mas é melhor aqui do que lá, no parque, onde está cheio de bandidos e marginais.”
Por isso, tudo passa a ser feito na estrada, onde uma das faixas deixa de ser útil ao trânsito e passa a ser terminal, paragem e mercado informal, onde se vende um pouco de tudo, incluindo alimentos confeccionados no local e de pronto consumo.
Um dos jovens que o abordámos a montar a sua banca de noite para vender couve contou que, uma vez, a sua bancada foi arrastada por um carro que perdeu travões, mas não houve danos humanos.
Aliás, a Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária (AMVIRO) alerta para o perigo que esta situação representa. “O nosso grande receio é o facto de que pode acontecer que mais cedo ou mas tarde possamos ter ali uma situação eventualmente de atropelamentos em massa”, alertou Alexandre Nhampossa, presidente da AMVIRO.
Naquele troço, a mobilidade é condicionada, os carros fazem longa fila, todas as regras de trânsito são ignoradas. A Polícia de Trânsito apita, mexe o bastão luminoso, mesmo assim, revela-se incapaz para repor a ordem na estrada. José Nhantumbo, agente da Polícia de Trânsito na Cidade de Maputo, diz ser importante que as pessoas tenham consciência da exposição ao perigo: “Estamos numa situação de risco; se uma viatura perder o sistema de travões, será um desastre. É muito importante que as pessoas tenham em mente o risco que isso representa e não esperar que o Governo faça alguma coisa”.
A Administração Nacional de Estradas (ANE), que é detentora da EN1, diz estar a assistir, com preocupação, ao que se passa no Zimpeto, cabendo ao Município de Maputo repor a ordem naquele local. “A ANE constrói e faz a manutenção de estradas; há órgãos que tratam exactamete desse assunto (transportadores e vendedores). Os transportadores são obrigados a estar num determinado terminal, então as autoridades municipais e policiais devem obrigá-los a ficar nos terminais”, disse Denise Mavale, da ANE.
E o Município de Maputo, através de Atanásio Tembe, um dos administradores da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento (EMME), que é gestora dos terminais rodoviários da Cidade de Maputo, diz não saber o que se está a passar no Zimpeto, mas aponta indisciplina dos motoristas e a falta de colaboração da Polícia Municipal. “Fica muito difícil percebermos; diria eu que se calhar seria a indisciplina dos próprios transportadores.”
E se fica difícil perceber, como resolver o problema que expõe ao perigo milhares de pessoas?
“Há uma necessidade de se trabalhar em coordenação com a Polícia Municipal e de se fazer um trabalho de fiscalização, porque o terminal está lá e nunca fecha as portas e está iluminado. Então, não se percebe por que razão os transportadores não ficam no terminal.”
E enquanto não se coordena o trabalho, pode acontecer uma tragédia naquele ponto a qualquer momento.