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Há famílias que ainda “vivem” na água na Cidade de Maputo

A chuva parou há semanas e a época chuvosa terminou em Março, mas várias casas ainda estão inundadas na Cidade de Maputo e famílias continuam a abandonar as suas residências por temer doenças de origem hídrica. Nos bairros de Magoanine “A” e Polana Caniço “A”, por exemplo, dezenas de habitações estão desocupadas.

Ainda se ouvem relatos de dias difíceis, devido às consequências negativas da chuva, em vários bairros da capital do país.

É que algumas vias de acesso continuam intransitáveis e há famílias que ainda vivem em casas inundadas.

Florindo Caetano vive no bairro Polana Caniço “A”, com a sua família, há mais de 20 anos e tem a sua casa inundada há mais de três meses. O munícipe contou ao “O País” que esta é a primeira vez em que a sua casa permanece inundada por muito tempo.

“Não tenho nada a fazer, não tenho condições para abandonar a casa. Se pudesse, sairia, mas não tenho lugar para ir e viver aqui não tem sido fácil”, lamentou Florindo Caetano.

Um lugar para onde ir é o questionamento das famílias daquele bairro famílias, que são obrigadas a fazer tudo dentro das casas, tal é caso da família Langa.

“Temos feito tudo dentro de casa. Só saímos para tirar água, para ir à casa de banho, para lavar louça e roupa. O resto não temos como fazer no quintal”, relatou Ernesto Langa.

Na casa da família Langa, as botas tornaram-se num acessório obrigatório para o dia-a-dia.

Os moradores até tentam abrir pequenas valetas para escoar a água, mas sem sucesso.

Enquanto a água não seca, aumenta o número de casas abandonadas. No quarteirão 18, do bairro Magoanine “A”, por exemplo, há mais de 70 famílias que se viram obrigadas a abandonar as suas residências.

“Só restaram três casas ainda habitacionais aqui na zona. As outras foram completamente abandonadas e os proprietários vivem em casas arrendadas”, explicou Alberto Monjane, chefe do quarteirão.

As casas abandonadas dão espaço ao capim alto, e com este, ao surgimento de mosquitos e receia-se que haja doenças de origem hídrica.

As famílias pedem a abertura de vias para escoar a água enquanto aguardam por espaços seguros.

“A única coisa que pedimos ao Governo é que intervenha nos bairros inundados, abrindo valas de drenagem para que não se acumule a água da chuva”, apelou Rita Chiluvane.

Na Cidade de Maputo, mais de 30 mil famílias foram afectadas pelas chuvas e inundações, durante a época chuvosa e ciclónica 2022/2023.

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