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Há escolas que só ontem retomaram as aulas na Cidade de Maputo

Algumas escolas da Cidade de Maputo só retomaram ontem, terça-feira, as aulas presenciais e reservaram o primeiro dia para as jornadas de limpeza. Na Escola Primária do Alto Maé, alunos e encarregados de educação entraram no recinto escolar sem medir a temperatura, porque o termómetro mal funciona.

Depois de o Presidente da República ter anunciado, na última sexta-feira, a retoma das aulas presenciais em todos os subsistemas de ensino, algumas escolas da Cidade de Maputo só voltaram a contar com os alunos ontem, tendo reservado o primeiro dia para as limpezas.

Mesmo ficando em casa inúmeras vezes, as crianças mostraram não se ter esquecido das medidas de prevenção do novo Coronavírus. “Lavar as mãos, usar sempre a máscara e respeitar o distanciamento”, disse Winiss Nhantumbo, aluno da Escola Primária 03 de Fevereiro, na Cidade de Maputo.

Não se esqueceram dos protocolos sanitários, até porque no regresso às aulas presenciais, precisam disso para voltar a sentar-se na carteira sem o risco de infecção pelo Coronavírus. No entanto, houve vários momentos em que o protocolo sanitário não era suficiente para prevenir as crianças de um inimigo da saúde à solta, pelo que foi mesmo forçoso suspender as aulas presenciais e não necessariamente a aprendizagem, porque, em casa, as aulas continuavam.

“Eu contava com a ajuda da minha tia e irmã mais velha para me ajudar a entender algumas matérias que eu tinha dificuldades em casa”, contou Wessa Munguambe, também aluna da Escola Primária 03 de Fevereiro.

Dificuldades que, a partir de agora, serão apresentadas, directamente, aos professores, porque os alunos já frequentam as aulas presenciais. “Tiramos o dia da segunda-feira, para fazermos a limpeza e desinfecção das salas e coordenamos tudo com os pais e encarregados de educação. Houve uma jornada bastante concorrida com a direcção da escola, professores e encarregados de educação”, explicou a razão de as aulas não terem começado na segunda-feira, Matilde Chilundo, directora da Escola Primária 03 de Fevereiro.

Mesmo com contínuas interrupções deste ano lectivo, a directora da Escola Primária 03 de Fevereiro prefere acreditar que as aulas à distância e as poucas horas das presenciais são suficientes para se alcançar um desempenho positivo.

“Eu acredito que teremos sucesso, porque sabemos o que deve ser feito em cada momento. Temos matrizes que recebemos para as classes com exame, os professores estão a trabalhar para planificar as aulas, tendo em conta as matérias que vão constar dos exames”, disse Matilde Chilundo, com um tom optimista.

Os professores podem até estar a planificar as aulas tendo em conta as matrizes, mas é inegável que a COVID-19 exige inovações pedagógicas. “Sem a pandemia, já é complicado lidar com crianças e com a COVID-19 ficou mais ainda. Precisamos ainda de redobrar os esforços e controlar para que não se contaminem pela doença”, apontou Jéssica Cossa, professora da Escola Primária Completa 16 de Junho, secundada por Francisco Paulo, professor da Escola Primária 03 de Fevereiro que considera adaptar-se à nova realidade.

Entretanto, parece que nem todos os estabelecimentos de ensino entendem a nova realidade imposta pela COVID-19. Na Escola Primária do Alto Maé, os alunos e encarregados de educação entram e saem do recinto escolar sem medir a temperatura, porque o termómetro não funciona como deve ser.

O guarda não sabia qual era o problema do termómetro e o director da escola trancou-se na sua sala sem dignar a dar explicações ao “O País” enquanto as aulas decorriam…enfim, parece que o importante é mesmo a retoma das aulas.

A Escola Primária 16 de Junho também retomou as aulas, seguindo o protocolo sanitário contra a COVID-19, mas os alunos vão aparecendo de forma tímida.

O director dos Serviços da Educação na Cidade de Maputo assegurou à nossa reportagem que todas as escolas da capital do país retornaram às aulas.

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