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Há cerca de 500 famílias que abandonaram casas em Hulene

Foto: O País

Aumentou o número de casas abandonadas devido a inundações no bairro Hulene, na Cidade de Maputo. Actualmente, há cerca de 500 famílias que abandonaram as suas residências, contra 160 registadas há duas semanas.

Já se passa quase um mês em que muitas casas do bairro Hulene, na Cidade de Maputo, estão fechadas e abandonadas. O silêncio nalgumas ruas revela o vazio que o bairro vai ganhando por conta das águas.

Algumas famílias que tiveram a coragem de regressar às suas casas são obrigadas a fazer um pouco de tudo em meio à água.

É o caso da dona Florência, residente no bairro Hulene “B” há mais de 30 anos. Para a mãe de sete filhos, as dificuldades que encontrou no centro de acolhimento obrigaram ao regresso da sua família para a sua própria residência, cujo quintal está todo inundado.

“Vivemos em meio às águas; eu e os meus filhos tentamos improvisar algumas caixas a partir do portão até a entrada da varanda, mesmo assim só conseguimos minimizar”, disse Florência.

O mesmo cenário verifica-se na casa de Miguel Ricardo, onde, além de estar inundada, as águas negras tomaram o seu único quarto. “Estamos a pedir socorro a quem de direito, já não aguentamos viver nestas condições, todas as águas negras da lixeira de Hulene entram nas nossas casas.”

No bairro Hulene, há águas negras que causam um cheiro nauseabundo, devido à sua mistura com resíduos sólidos.

O problema aumenta a cada dia que passa. Por isso, segundo o secretário do bairro, Alfredo Ernesto, há ainda mais famílias a abandonarem as suas residências.

“Estamos a falar de mais de 500 famílias que já abandonaram as suas residências. Por isso, acabamos por criar dois centros de acolhimento para acomodar as pessoas nas proximidades das suas casas e poder controlar os bens que ainda estão lá”, disse Alfredo Ernesto, secretário do bairro.

No bairro Hulene “B”, há dois centros de reassentamento que acolhem mais de 400 pessoas. A Escola Comunitária 10 de Outubro é um deles e, nos corredores, ouvem-se lamentações de quem deixou tudo para trás.

Quase todos os dias chegam mais pessoas, apesar de a vida nos centros de acolhimento tender a ficar mais desafiadora.

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