A presença de obstáculos não sinalizados e mal estacionados na via foi uma das causas do mediático acidente de Maluana, segundo indicou o relatório da Comissão de Inquérito, apresentado na última sexta-feira (20), trinta e nove dias depois.
Ao longo da avenida de Moçambique, na Cidade de Maputo, é notória a presença de camiões e trelas estacionados em locais impróprios e sem sinalização.
A Polícia conhece o problema, condena e promete acções mais incisivas contra essa acção tida como ” infracção grave, sujeita a multas”.
“A linha amarela não permite estacionamentos. Os carros apenas podem parar em caso de alguma situação de emergência, desde que a viatura caiba no espaço entre a linha amarela e o passeio, apenas parar. Se a viatura tiver dimensões acima do espaço, está interdita”, explicou José Nhantumbo, porta-voz da Polícia de Trânsito da Cidade de Maputo.
Nhantumbo explicou que, em caso de alguma avaria, as viaturas devem colocar sinalização na via, para permitir que os outros automobilistas que se fazem à rua possam estar atentos ao obstáculo.
“Uma viatura avariada na via pública considera-se um obstáculo eventual e deve ser sinalizada imediatamente. No interior das localidades pode ser sinalizado por sinais de luzes de perigo (Emergências), mas a regra manda que sejam usados dois triângulos, sendo um na parte frontal e outro na parte traseira”.
Questionado sobre as sanções resultantes destas infracções, Nhantumbo explica:
“A não sinalização de obstáculos eventuais é uma transgressão grave, o que significa que, para além da multa, o proprietário poderá ser inibido a conduzir por um período de seis meses a um ano”.
Para contornar este problema, a Polícia de trânsito diz que, em coordenação com a Polícia Municipal, tem levado a cabo trabalhos com vista a retirar as viaturas em causa e quiçá responsabilizar os proprietários dos camiões estacionados em locais proibidos.
José Nhantumbo, chamado a reagir em torno do relatório da Comissão de Inquérito, que aponta a falta de fiscalização às viaturas, negligência e actos recorrentes de corrupção por parte da polícia admitiu haver fragilidades na corporação, porém diz que vários trabalhos têm sido feitos para reduzir o nível de sinistralidade no país.
“Nós somos uma entidade e uma das nossas responsabilidades é a fiscalização das viaturas. Se houver alguma falha é susceptível a ser corrigida. Contudo nós fizemos o que nos competia. Consta-nos que o motorista já havia sido multado em alguns postos de controlo, por excesso de velocidade, que é uma das nossas formas de actuação. Se o condutor tivesse pautado pela condição defensiva, conforme mandam as regras, teria evitado o sinistro”, referiu.
Por seu turno, os automobilistas dizem ser necessário ter habilidades especiais para conduzir nas estradas nacionais, devido ao perigo dos camiões.
“Aqui tem muitos camiões que estacionam mal e isso é um perigo para quem se faz a via, principalmente durante a noite, onde temos assistido vários acidentes por causa de camiões ou trelas sem sinalização”, disse Francisco Majate, motorista de transporte público de passageiros.
Um outro automobilista confirma o perigo e pede intervenção da Polícia, para a retirada dos obstáculos, por forma a evitar mais sangue nas estradas.