Da pele do rosto a coisa do tempo, de Guita Jr., encontra-se na fase final do Prémio Literário Glória de Sant’Anna, cujo vencedor será anunciado dia 12 de Maio.
O título do livro que leva Francisco Guita Jr. à final do Prémio Literário Glória de Sant’Anna é Da pele do rosto a coisa do tempo. Essencialmente, a obra literária é composta por dois cadernos. Primeiro, “Da pele do rosto”, escrito num período em que o poeta tinha a sensação de já ter dito tudo que tinha para dizer. “Mas fui, sem pretensão alguma, apontando aqui e ali frases soltas, pensamentos, ideias. Um dia reuni esses retalhos e disso resultaram as 30 quadras que compõem esse livro”.
Quanto à escrita do segundo caderno do livro, “A coisa do tempo”, o processo foi diferente porque, em termos de forma, o poeta voltou ao formato do seu primeiro livro, que consistiu em escrever poemas soltos, título e corpo, o que considera “poemas individuais”, o convencional. Com excepção de um ou outro texto, os poemas que compõem “A coisa do tempo” são de há dois anos a esta parte. “Então reuni ambos livros e disso resultou o presente volume, que é uma edição da parceria entre a editora angolana Kacimbo e a nossa Ethale [Publishing]”.
Na final desta nona edição do Prémio Glória de Sant’Anna, Da pele do rosto a coisa do tempo, prefaciado por Luís Carlos Patraquim, concorre com mais sete livros. Por exemplo, Regresso a casa, de José Luís Peixoto; roupão azul, de Ana Paula Jardim; e Para não dizer que não falei dos equinócios, de Maria José Quintela. Estar nesse curta lista, obviamente, é agradável para o fundador do Caderno Literário Xiphefu (1987). “Isso já por si é um prémio. É uma forma de crítica/avaliação (que tanto falta à nossa literatura) à obra. Diria que encoraja a seguir o caminho a que me propus. Porque requer, de facto, coragem”. Por isso, o que mais o poeta pode esperar? “Mais nada senão que haja mais leitores interessados em ler o livro. Publica-se para que se leia, não é verdade?”. E a pergunta fica no ar.
Ora, esta não é a primeira vez que a poesia moçambicana está representada na fase final do Prémio Glória de Sant’Anna. Segundo julga Guita Jr., isso é sinal de que a produção literária, no caso a poesia nacional, continua a ter qualidade que sempre teve, desde os seus percursores. E o poeta lembra: “Moçambique foi sempre considerado um país de poetas e é bom que assim continue! A poesia não salva o mundo mas, se for útil, ajuda as pessoas a serem pessoas melhores”.
O grande vencedor desta edição do Prémio Glória de Sant’Anna, que tem como um dos membros do júri Ana Mafalda Leite, será anunciado dia 12 de Maio, no site do concurso literário. Portanto, o vencedor será distinguido com 3 mil euros, cerca de 200 mil meticais.
O POETA DO XIPHEFO
Francisco Guita Jr. nasceu em Inhambane, em 1964 Inicia a sua actividade literária no Xiphefo, Caderno Literário, em 1987, do qual é membro fundador. Estreia-se em 1997 com o livro de poesia O agora e o depois das coisas (AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos). Em 2000, publica Da vontade e de partir (Prémio FUNDAC – Rui de Noronha, 1999) e Rescaldo (1.º Prémio de Poesia TDM – Telecomunicações de Moçambique, 2001) pela editorial Ndjira. Lança em Portugal e Moçambique, em 2006, Os Aromas Essenciais pela Editorial Caminho e Ndjira, e Los Aromas Essenciales em 2010, pela Ediciones Baile de Sol, Islas Canárias.